segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

aquarela

desfiz na inundação
lábios vermelhos
completamente meus

estudante de poeta vai à jam session

ainda no ensino médio
impreciso porém sincero

queria voar alto
ninguém a alcançar
sozinho, nuvens
tempo pra pensar

bobeira imaginar
cidade-mandala
ainda rufla e queima
como em pleno verão

palato em noite calada
caminho outra sensação
ainda não cresci assim
terá tudo um dia um fim?

vestindo as roupas da estação
em copos americanos a saudade
do tempo em que voavamos
em que soltavamos a voz

INSERT COIN

não é um jogo se
você tem q enfiar a moeda
pelo cu do porco

beijo com rimbaud

você quer ficar?
disse no disfarce
da primeira pessoa
sim, sou outro

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

paisagem de miró

ruívem
faisão
atrasado

elegia

acho que estarei mais próximo da morte
pois a vida é algo realmente delicada
uma manjedoura de mãos pelas petálas da primavera
esculpem delicado véu sobre mármore
ao ouvir Ravel na chuva corre Scarbo
o anjo de Crevel conversando comigo num café
os rapazes com suas camisas lã e garotas com pulôverrs
a mosca cochicha no ouvido belzebu ou coltrane
sigo a mosca e meus olhos param nos prédios
no terreno abandonado como um templo para o capim
o chão do qual brotarei não será terra vista
sento na cadeira as pernas numa encruzilhada
rota para o enforcado ou o desvio de rota
guia-me os pássaros estoícos entorpecido pelo trivial
passo por passo mais próximo da transcendencia
inventei um jogo bobo mas isso não importa

cowboy bebop

mãos não podem ser tartamudas
jazzistas repetem o esqueleto da mesma frase
Cortázar com suas tarantulas