sábado, 29 de setembro de 2012

Praia dos Amores


Estrela-do-mar
      da minha
      constelação litorânea

Quando
     com espuma das ondas
     tu me encostas o pé
     na areia da costa
   
     Terremotos
 se fazem na
     minha dorsal.

Quando
     tua voz entra
     pela concha
     da minha orelha
         
(É assim, o dia inteiro...
            Na Praia dos Amores)
     Te escuto o
      Cantar de Sereia

                       Nos teus lábios de areia...
                              Nos teus cabelos d'algas...
                                      Nos teus abissais olhos...
                     

 Me despertas do
 Sonho-Marítimo
de Celacanto.  

     

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Prefácio do Meu Falso-Romance



 "O que mais eu poderia querer do abismo ou do céu, além do nada, que dorme no confuso tudo; que é o mundo..."  
Fernandes Correia


  Aqui é o prefácio do meu livro, e não sei bem como começa-lo, afinal este é o primeiro livro que escrevo, e igualmente o primeiro prefácio. Sim, é óbvio que é meu este livro, mas, é importante que não  se confunda o cara que escreve este livro e o outro livro, que aparece dentro deste livro e os outros livros, que estão dentro do segundo livro. Sim, as histórias contidas aqui não são reais, ou seja, se você quer um livro autobiográfico da minha parte, você veio ao lugar errado. Mas não posso ao mesmo dizer-lhes que as coisas contidas aqui não sejam verdade, apesar de irreais, elas, querendo ou não, são uma verdade. Se fosse ficção, ai sim, seria uma mentira. Este prefácio, apesar da utilidade para as anedotas que sucederam nesse livro e nos outros-etc., é falso.
  O prefácio é falso, porem, como já disse anteriormente, este falso-romance é verdadeiro, apesar de não ser real. Não explicarei muito sobre o romance, para, que ele não perca a força integra de pura falsidade, forma esta que nos da uma estranheza, que a representa, ou tentar emular, a realidade com a maior afinco. De modo anárquico e grosteco. Utilizando das brincadeira infantis como metáfora, tais como: pular carniça, pega-pega, esconde-esconde, gato-mia, bola de gude, pião e amarelinha. 
  Quero fazer deste livro uma reflexão sobre a realidade. Afinal, não seria o escritor um visionário? Um Deus astronauta enviado do futuro, ou um homem que recebeu as visões dum Deus astronauta, Deus, este; que também é um escritor. Ou nada disso, estou entendo tudo errado, é tudo pura enganação, uma mentira, ilusão.
  O que quero aqui é escrever uma ficção, não o trabalho-cotidiano em que vivemos, meu amor. Não o uivar do homem que entrega os jornais de moto. Não o céu de enxofre que nasce o dia. Não, não. Não a prestação de contas que devemos, não à essa parte natural sociedade desnaturalizada. E o não ao não. 
Este livro é pra quem cansou de procurar: é pra querer se perder; não na pessoa que é-foi-e-será, mas nos muitos homens que deixou morrer pra assumir a postura de um homem só.
  Quero também destruir o fácil, o mecânico, quero destruir a nossa condenação de lutar em vão. Este livro será como nunca e sempre, o nada que é tudo; a busca de quem somos na distância de nós.
  Cortando as basbaquices, queria terminar com uma nota poética Don Juanlesca ao meus leitores futuros:
            "Meu amor, nosso romance é falso, porém posso afirmar que, (nosso amor), é verdadeiro."
                                          

Fim do Falso-Prefácio.

domingo, 23 de setembro de 2012

Você (e as suas...)

Te vejo no rosto de todas as mulheres
E te traio beijando os teus lábios de outra mulher
E durmo com outra e acordo com você fazendo café
No chuveiro ouço elas cantarem a tua canção
No espelho vejo-te me vendo nu e te vejo nua me vendo
Você sorri tentando disfarçar que não é elas
Mas eu reconheço o teu sorriso que me falta
Você diz: todas as mulheres são uma...

Essa é minh'ultima tentação.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Primeira Página

A primeiro momento sentiu-se bem para escrever a primeira página, pensando que haveriam outras que se sucederiam facilmente. Mas não foi assim que aconteceu. Sentou-se diante da máquina datilográfica. Por teimosia se convencia da superioridade das máquinas que datilografam sobre as máquinas modernas. Ele havia tentado com algumas, sempre de má fé, escrevendo uns poucos artigos-esboço. Também criou a lenda de que seus piores escritos haviam sido digitados nas tais máquinas modernas, "que pretendem mecanizar tudo que é humano, tudo que é vivo.", seu maior escrito foi justamente contra as máquinas modernas, um poema em decassílabos alexandrinos, de um parnasianismo antiquado.
Como não conseguia escrever desejou sair do microssomo-casa para o microssomo-rua, pois segundo pensava; o macrossomo-casa seria o planeta terra, o macrossomo-planeta seria a via-láctea... que seria o macrossomo-etc. Apesar de estar eternamente preso no microssomo-ele.  Seria ridículo pensar que, talvez, o macrossomo-pedra fosse correspondente a ele.  — Não, isto jamais! discordava mentalmente. Saiu de casa contente pois sabia por clarividência que encontraria a experiência necessária para escrever uma primeira página que sucederia facilmente para uma segunda página... Até o determinado para se que escreva um romance dentro das regras dos concursos.
Ao sair de casa, viu um velho que tinha um dos olhos saindo da órbita. No mesmo momento que o velho percebeu que estava sendo observado, nosso herói disfarçamente (atrasado) desviou o olhar para o chão e fez soar no assobio a melodia de für elise. Estava feito um insulto silencioso. Sentia culpa. O velho somente ignorava pois já havia tomado tantos tapas na cara que, (o olho já havia caído), não ligava se alguém inventasse uma nova maneira de lhe dar tapas. Aprendeu a ignorar. Assim como também fez enquanto a assobiava, tentando ignorar aquele ato brusco de sua parte. Havia estourado à rigor a lei do respeito, da ética, era um brutamonte que estava disfarçado em seus agasalho antigo de bons-modos (que havia voltado a moda recentemente). Deveria ser preso!
Atravessou a rua precisava de algo que servisse como alavanca para a aventura, que levasse a vida dele para um objetivo. Comprou um sorvete de morango. Sentou-se no banco. Aguardou. Nada de impactante poderia acontecer, ele era um ser evoluído, um verdadeiro homo sapiens sapiens, nada poderia afetar a sua indiferença. Crianças tropeçaram perto dele. Haviam tropeçado em um paralelepípedo. Um bloco retangular que escondido em fendas de realidade era ele. Ele era o paralelepípedo no caminho das crianças que também eram o mundo. A pedra esmagando o macrossomo-etc que era o pavimento. Enquanto deleitava-se com o sorvete de morango artificial, as crianças choravam pedindo suas mães, mães estas que não ligavam muito para seus filhos, afinal mereciam aprender tudo sozinho, como todo adulto aprende (ou deveria aprender).
Um relâmpago químico de uma pergunta: Que rumo estaria tomando a humanidade neste momento? O que seria depois de homo sapiens sapiens sapiens sapiens? Quem seria? Quem seria o elo perdido? Poderia ser o próprio protagonista, afinal sabia mui bien escrever como fazem os escritores de enciclopédia, sabia pensar como os velhos que bebem grapa no bar e ignorava tudo ao seu redor (o que era excepcionalmente importante). "O homem depois de Adão, uma evolução graças à iluminação". Ria-se internamente por Adão ser apenas um protótipo, uma réplica mal-feita dele...
Assim escorreu, não a primeira página mas alguma que era mais pro meio da história da humanidade. Que infelizmente era só a primeira página deste livro.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Poema Sob Encomenda

Houve dias
em que sentado à sombra, eu te observava.
 Não era o suficiente para fabricar poemas,
mesmo assim, você foi e levou os meus versos riscados.
 — Tudo bem, eles eram seus —.

Ontem,
 perdido entre palavras à deriva
no oceano dos teus olhos,
 percebi que todos os poemas haviam sido criados.



Eu espero pelo Dia,
 que está sendo fabricado.
Este que torna lenta as horas dos nossos desencontro
 e atrasa os ponteiros do nosso amor.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Satisfações que o Sir Lake All'yo de Cheeseburguerson deverá tirar para a Rainha da Inglaterra

R. Alface Sáfira, nº 99. Toca-se a campainha. Ecôa um rugido de leão pelo quarteirão. Toca-se novamente, agora pela sexta vez, fazendo um ritmo de waltz de J. S. Bach, que para meu infortúnio é um alemão, mas com alma inglesa! Concordaria comigo o Duque de Genebra (Genebra, onde não há manifestações, Ah! paradiso!), com certeza concordaria! A campainha novamente é tocada. O bilhete falou que era aqui, o papa falou que era aqui, os vizinhos falaram que era aqui, a rainha falou que era aqui:
 R. Alface Sáfira, nº 99.

Os ingleses haviam mandado um lacaio, da estatura de 1,49×10-3 km, que caminhava com uma bengala feita de quartzo negro com o detalhe em um rubim de coloração violeta, na face sobre o lábio superior desenhado um "S" (representação do seu belo moustache) da cor ruiva, entre os dentes podres; um molar quebrado e um incisivo frontal superior de marfim, (presente que recebeu do Conde de Caixote, dono de um teatro de pulgas), a voz como a de um lagarto ou o de um BSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS... de uma abelha africana, usava um chapéu coco, réplica barata dum Chaplin's Hat, os glóbulos míopes, sendo um deles de vidro e consigo carregava uma bolsa xadrex como um kilt escoses. Tinha o costume nacionalista de tomar uma xícara chá a cada 1/8 (um oitavo) de 24 horas, e, segundo seus cálculos pitagóricos feitos baseado na sombra de um arbusto selvagem de forma dum triângulo-retangular (3² + 6²), faltava aproximadamente (hipotenusa igual à): 45000 milisegundos para o próximo gole. Exatamente no momento em que havia tirado a mesa de papelão que imitava muito bem a textura de madeira rosewood, o tosco bulê preto fosco e a xícara com a alça quebrada que era herança do avô Cornélios Cheeseburguerson, restando 1200 e 3/4 de milisegundos para a hora do chá, apareceu o mordomo chinês Chong.

— Vá te daqui, seu mordomo imprestável!! — Falou como quem queria ser levado nas costas pelo mordomo. Chong que compreendeu o que havia sido dito, carregou o jovem lacaio nas costas, equilibrando a mesa e o bule.
— Miserável! — Gritou o lacaio ao dentuço mordomo, que eu já deveria ter sido nomeado ao publico, ou à vocês... Caros leitores; Sir Lake All'yo de Cheeseburguerson, primeiro e único dono da cadeira de imprestável nº 13 da Inglaterra. Foi também estudante do Instituto Fergüisen de Lacaios Reais Britânicos feito nas ilhas Falkland, passando com honra ao mérito na arte de tomar chá pontualmente.

Em pouco tempo estava ele dentro do hall de entrada da mansão da família Börghesa. Foi posto ao chão com os pés firmemente apoiados ao piso real da família, que possuía o rosto de cada antepassado da família desenhado em cada um dos quadrados cerâmicos. A mesa  estava de frente à escadaria que se contorcia em voltas. Colocou o penúltimo gole de tea na boca.
— Com essa sua corrida você fez o meu chá esfriar — Disse antes de cuspir-se de chá. Jogou o resto ao chão. Deu três passos a direita, quatro para frente, um para trás e oito à esquerda. Se não engano-me, fazia a dança do reconhecimento local e com a mente de um mapeador mediavel, arquivou todos os detalhes dentro do rascunho da cabeça, até mesmo o nome de cada antepassado começando pelo Brughlïn Dantas Börghesa XV.
— Bem... agora me diga onde está o senhor Borgelige?
— O papi está dormindo... — Ressoou uma voz que parecia sair de todos os quatro cantos cardeais da casa. Perturbado, Sir Cheeseburguerson, procurou a origem daquela voz gosto angelical.
— Quem és tu, Óh, singular criatura das pregas douradas?
— Pouco importa quem sou, desde que seja. — Disse num tom açuradíssima.
— Apareça, venha tirar o gosto desde chá gelado...

A cada passo-passinho que dava a casa se chacoalhava. Era um terremoto, causado pelo hipopotámo de estimação da família que descia a escada marchando vagarosamente como se fosse um papel sobre o vento. 1-2. 1-2. Tremia a casa inteira. 1-2. 1-2. Tremia tanto que um dos lustres de cristal caiu e quebrou-se em milhares átomos reluzentes, era um dos favoritos da Sra. Börghesa. Era: 1-2; 1-2. Caiu também uma estante com enciclopédias inúteis da Brasa sobre um dos mordomos que morreu fatiado ao meio, mas isso pouco importa, ainda existem mais outros oitenta e sete. Finalmente de fronte ao Sir Lake All'yo, o hipopotamo possuía na costas dentro de uma cesta trançada de palha da flora amazônica que era coberta por um véu tailandês: a voz doce.
— Senhorita... — pigarreou tentando limpar a garganta dos restos de ervas do chá que ficaram presas dentro da garganta — Queria saber qual o nome da donzela?
— Hi hi hi hi — Riu coquetemente (como riem as inglesas) para o Lacaio do pau-de-perna — Não lhe direi... Jamé! — Prossegui satirizando o Sir Lake.
— Se não vai dizer o teu nome, então acorde o teu narcoplético pai! — O lacaio por vias das dúvidas falava palavras erradas propositalmente.
— Você sabe que falou e pensou besteira, né? — Disse o narrador onisciente. Completamente abafado pela tagarelice que havia dentro da cabeça de Sir Cheeseburgueson. Ouviu-se um bocejo retumbante que surgiu das margens de uma cama feita de couro de canguru. Logo em seguida veio a queda do quarto até o hall, rolando pelas escadarias abaixo: Preeeeeekteeek-buum-tuuc-plaft-plaft pingping-pongdong CÁTABRUUUUUM digthug-clash-tracktipum-clabbaft-tratrack-duuuuuumpt... 
— Quem deseja-me acordado com a voz de tão mal hálito? — Disse ele ainda emendando o bocejo primeiro com a frase, arte que dominava desde que visitará o Rei Gargantua na mocidade, com rosto colado ao liso piso que refletia o reflexo majestoso de seu esbelto rosto balofo.
Buon giornno! — como era habilidoso com as línguas — Vossa Majestada Borgelige Börghesa VIII, vim aqui à pedidos da very Vossa Majestosa-majestade Victorina Paleshade, para pedir-lhe gentilmente que desistas da idéia miserável de conquistar a Lua, que caso, o caro, Senhor, Meretríssimo Senhor, não recorda-se do Tratado das Minas Lunares de Queijo, assinado durante a semana da arte moderna de 22 que aconteceu em São Paulo, pelos Nobrérrimos; Sr. Borgelige Börghesa VIII, Sr. Ubu Roi, Victorina Paleshade, Gengis Khan, Fidelito Castrattini, Hermes LXIX, Abelardo I, O Falido Rei da Vela, Dr. Faustroll, Ivanovich Trokokolikóvski, dentre outros. 

Segundo o Tratado:
Todos estão despossibilitados de uma invasão imediata, sem previamente ter uma estrutura bem estruturada de markenting dos órgãos nacionais. É necessário também antes de iniciar as reuniões o assassinato de algum nobre dos países envolvidos no tratado, que será escolhido após uma partida de dominó na humilde mansão do Conde de Genebra, que será realizada no dia 30 de fevereiro, deste mesmo ano. — Finalmente havia terminado de ler o pergaminho que tatuou atrás das membranas das pálpebras, estava orgulhoso como nunca. Curvou-se, deu as costas e saiu marcha-marchando pela rumo de onde veio.

Esquecendo-se até de insistir em saber o nome do filho do Sr. Borgelige. Falando nele: que ouviu tudo com uma indignação tão grande, TÃO GRANDE que permaneceu estático no chão. Era tamanha indignação, equivalente ao tempo parado, que dormiu durante semanas. Acordou somente no dia da partida de dominós. Fedia tanto que foi carregado para Genebra por uma nuvem negra de mil moscas-varejeiras de ventre metálico-esmeraldino.
— PARA GENEBRA, BELZEBOOZE!!!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Co-le-

cio-na-

dores.


 Colecionas
vidas que não te cabem,
 sonhos que não te vestem,
a insegurança de quem
  tem mil-e-uma dúvidas
          que se desalentam.


                   Guardo ainda
                  aquela tua foto
  em que estamos sorrindo
em meio à uma coleção
 de melancolias.