domingo, 28 de dezembro de 2014

Halter

Psicodramático
Hiperrelativista
Desconformista
Anarcocrata
Heterodoxo
Canéstrófico
Temperamentado
Ignóvnil
Midiroso

Da carne aos dentes à língua cega das fofocas

abro o jogo ponte velha de encontros marcados
cubo mágico pingente entre decotes
a sala de espera de palavras cruzadas prontas
eu já não sei o q fazer com ele pretty girls make graves
amasso rupinol boa noite cinderela pro rapazote
ele traduz people say we are virtually dead
eles estão errados somos naturezas mortas
em quadro iluminuras e revistas de caminhoneiro
sutura o coração saturado do patético miojo
somos como pratos de pedreiros em boca livre à cama
doce bafo sabor germânico escuro maltado
um AVC no estômago de menino novo pollock na parede
apodrecido olhar vegetativo de remédios lábios em spleen
um cigarro na rede da sesta eu jurava que era segunda
macaquinhos no parassol na casa de verão
inquilinos odiosos que te amam para sempre
sorrisos de milfs pela vizinhança temos todos outras vidas
quem recusaria um drink neste dia tão quente?
piña colada na mão dichavando troféu abacaxi
rainha da cocada preta sente-se rainha da cocada preta
pecado strogonoff mal temperado de luxúria
ótima cozinheira solteira casada ñ é da conta de ngm
verve lixa na epiderme dos banhos de gatos ao suor
mimados de exigência quem nunca é mas estamos nús em piscar
do outro você que chamas de nós como forcas e piercings
áspera salada de espera na sala de frutas poupa agridoce
baba gana do jantar baby macarrão na margarina alhóleo
                                                                 presto pesto bolonhesa
cose cose novelo de lã trico de órgãos ruminante
profana o músculo gourmet dos poetas em citá-los por besteira
tesas palavras latim bem vulgar e vivo cão voltando ao vômito
teremos nossa porção de culpa escaldante em orgasmos e
            mordidas de bifes bifões bufões e bufetatas esporádicas
             

(autoerotização plus dedos de s. blank)

Live at Pompeii

show espetáculo território espaço/tempo
limitado corpos estátuas de marfim
franja adolescente decifrada renda em barroquismos
como paçoca diet e coração de mãe o que é bem grotesco
não tem igual olhar frio esquenta
haverá sentido permanecer pivô água por favor
merda de cuba moedas contadas palavras régua
freiam dentes amarelos sorrisos métrica de fora
Everest impiedoso sem direito à saideira
inafiançável encontrar na mesma pose
este lugar é um museu de obras mortas
(agrada e é divertido para muitos temos certeza)
a Capital comemora o natal S&M
dia 24 o peru espera pelo sogro infante infâmia
habeas corpus Duchamp não recebe mais presentes
(aquela merda toda que não diz respeito à coisa em si mas a história da coisa em si
continuam confundido quando anualmente vejo
uma geladeira do estado de SP se abre
ESQUENTANDO A PORRA DA MINHA PINGA
colisão eminente papai noel submerso no que não é visto a olho nu
ursos polares e yetis armados até os dentes de coca-cola e ursos polares
utilitário blasé coke machine intervalo para comerciais
barras cândidas à mesa salpicadas de ferrugem
ESCREVO COM MERDA CONDENADO AO ABSURDO
crânio Alcatraz orquestra Gulag desenha dias sem pólvora ou cordas
1 semana na distância das estrelas que morrem num cigarro
fotografias recordação sem notícias amnésia um quadro cortado fora
lagartas engordam plano B nada de improvisos take 3
minimizar unidades não-problemáticas tomada 1
casulos mumificam corpos em ação/cinzas
mariposas em erupção expandem dimensões
sítio arqueológico pornô corpográfico mapeamento
tecendo o acaso como se não fosse nada como nada fiz
pisa nos que gritavam antes de nós com sabor
esqueleto concreto objetivo abstrato este é o labor
datado do agora como este para qualquer outro
flecha sem ponta ou cura sintomática
rebobinar fita dar play again and again

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Motorhead

coma minha autoestima co'a boca outra
durma no rei-umbigo egocentrismo meu
oco eunuco da bifurcada  língua linha e agulha
rasteja racionalidade bípede animal
alívio de ser especialmente medíocre
raízes não não raízes o que tenho contamina as sopas
enche olfatos coisa engraçada de ser inútil
fadado a uma colonia de fungos
não basta estar inconsciente como um gato afogado
                                   FREAK!
                                                            WEIRDO!
nunca vai conhecer o velho nem curiosidade admite logo
carne mecânicamente recuperada de ave
na maior parte das vezes feliz (e você? diz: tudo bem)
palhaço chora de alegria em guerra morto de coragem
romero britto ainda não comprou a letra sem som COMPRE JÁ A SUA
não quer quando não quero
mais externo dentro de mim
não alcança o fundo do invisível
no vazio não da unidade mas da dimensão
entrespaço entre es.pa ço
não há o que ser dito
acendo câncer abajur a lua
esqueço sempre que respiro inconsciente
silenciosa serpente dança delicado único
frágil espanto quando engole avestruz
caga em mim safada irreversível tarado
there's no end, my only friend happy ending irônico
gritar gin-gin-gin! distribuir doses ao santo
morremos todas as noites e dias por vinte sete anos
até acordamos velhos livin' too fast

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

portas automáticas e roubos de pounds

não é preciso de adivinhos
para o futuro dos homens
frente a porta à prova de idiotas
ninguém entra ninguém saí
o garçom não traz merda alguma
alguns tomam prozac
eu ainda tomo o que sobra
sem razões preocupações nada disso
inventar passatempos ritalina
não ler estante de informações
observar a trajetória das moscas
enquanto copulam frenéticas
tocar a sineta a enfermeira o termômetro retal
esperar pela carne de ontem vir hoje no arroz
disciplina todo o dia disciplina
entre quatro paredes de ouvidos e bocas
translucida deprimência colada à porta
smile

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

verme e parasita

difícil iniciar você sabe
longas conversas não servem a ninguém
se somente nós estamos certos
absolutos em discordâncias na na na

você odeia o aporrinhador das frases
somos caricaturas de nós de merda

eu odeio parques de diversão
nossas piadas não tem graça
 nem para os bêbados
você diz que iremos renascer
 quando mortos
sofremos desta lenta
             sem feição

não há espaço para nós
nem futuro para ninguém
já não eramos muito

o ultimo verão
nenhum será o mesmo
nunca nos dissolvemos ao mar
queimamos em memórias cinzas
que varemos para debaixo do tapete
nossos braços se estendem pelo assoalho
a casa está aos pedaços
sempre assim como foi

letras para aquelas mesmas canções
estamos renascendo mortos
tocamos nossas mãos pela ultima vez
lhe peço um cigarro na esperança
que continue o mesmo "não fumo"

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

aquele que salvará

quando ou onde
não lembram
encurralados presos
paredes cilíndricas
corredores circulares
espirais de guerra sem ódio
tubulações nos levam
                               sentidos
lugares quase idênticos
idílica prisão distópica
lamentável história
paraplégica
ponto de referencia
param
segu'em frente
transitação
sobem escadas
               e descem
(a ordem sempre em fila)
continua desiste
poderá continuar
se desistir primeiro
vai impedir quem
perdeu a entrada
mão de via dupla
não voltarão
empilham-se os ossos dos mais novos
projeções fossos grutas
nunca mais (voltarão)
esquecemos quem somos
nunca nada disso quisto
morrem esfomeados em alcateias
crianças brincam com moscas
doce carne humana
crescem larvas e esperança
histórias
esqueceu destes todos
correm pelos dentes o som
se espalha como peste
voltará

Fada Negra

crianças nascem molotovs
flores incendiárias de lótus
saborosa destruição-desejo
MANCHETES EM GÁS LACRIMOGÊNEO
coletivo genocídio (sem capacidade máxima)
fogo nascituro queima invisível
gritos abismais olhares boca
corpos em abuso castrados

marcham bonecos de Olinda
com armas de brinquedo
e cavalos-de-pau
justiça puta cega
transmissora de doenças sexuais
   IMPERDÍVEIS
o código azul que não sabemos

brilha brilha estrelinha
queima e castiga pupilas
verte suor e lágrimas
salgada força de trabalho
troca virtual de consumo
espelho de vaidades
comerciais de perfume
veneno domesticável
parcelas homeopáticas

crianças nascem molotovs
racham atemporal vértebra colunar
museus monumentos enfeites de natal
migalhas e cinzas
flores incendiárias de lótus
dançam à errada voltagem
queimam e murcham
murcham e queimam

derrama suave drink: um brinde!
o apocalipse dorme nas pálpebras
borboleta do cálice caos

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Verruga Genital

É brega os sonetos que
entoam aquele tal d amor
até então não mencionado
que rimas procuram em dor

aquele embaraçoso anestésico 
que nos espeta o kitsch coração
importado chinês

que vem em cartas de saudade
de naús abarrotadas de garrafas e canções
doenças incuráveis

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Ditadura Pop.

Macacos mordem as barbas do profeta
madrugue cedo e conhecerás teu Deus
tenha sempre
       sempre dois pássaros
sob o leite derramado
ajoelhado também se ora
mole ou duro fura bolo

a noite os ratos matam os pardos

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Paciência

deixe
o tempo o tempo
preocupe-se menos
não está bom
mas está indo
o clima vai bem
todo mundo sabe
o mundo inteiro
é o que digo
eles sabem
junte-se
trabalhe
o tempo o tempo
simplicidade
é tudo
eles sabem
o que eu digo
há de ser mister
o que?

domingo, 12 de outubro de 2014

Escarro amarelado

decapitei minha glória
se fosse significativa importaria
castrado como desejara
Freud pequeno pederasta
do que fosse antes pronto-feito
ideal imposto à guelas
corpo fluído hóstia seminal de cristo
A VÍTIMA DE TODOS NÓS
meus anjos pecaram dizia mamãe
corres em minhas gretas veias
humor amargo do tabaco
tem as cáries dos meus sorrisos
mas podre que sou
prefiro a solidez dos meus carcomidos ossos
do que a tua solidão

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Desejável Visita

fumaça e tédio
entretiam diante boca noturna
traiçoeira luminublada presas escondia
insistia defenestrando sonhos
murchos olhos murchos
me'nvolviam em azul trago
escorregam mãos amarguras chocam
ocre madeira muda percuti abafada
insustentável momento espectativo
murmúrios de sombra e saudade
cheiro teus passos km em segundos
conversam elevador e corredor maldita

domingo, 28 de setembro de 2014

Comentários sobre 4 peças francesas


Monsieur Monde - Jean-Michael Ribes


“Um país limpo é uma cultura limpa” por isso, com sua senhora,
toma as medidas extranecessárias de quatro banhos diários
devora cigarros: chaminé em ponto de ebulição
benfeitor, mantém os agricultores do país
é um verdadeiro nacionalista!
lhe falta ainda os aplausos
o estado bélico-religioso
alastra sua própria doença
ausência de micróbios e os banhos diários!
higiênico Monsieur,
uma fronteira é uma linha invisível que delimita sua origem
a origem de toda a “imundice” que te persegue (PARANÓICO!)
Concha (sua esposa), possível insinuação castelhana
foi lhe uma aquisição, boneca murcha?
pai que trai o filho, ou o contrário?
ameaça ao ameaçador, se for possível
por favor, fique tranquilo, mostre seus documentos, 
E CALE TUA BOCA!
888

Agora Eles São Dois Neste Mundo Imenso - Enzo Cormann

Dois universos da mesma histórias

sabemos que o Primeiro fala diretamente com o Segundo
mas com que tribunal de ouvintes fala o Segundo?

o Primeiro faz o seu trabalho: averiguar
não quer respostas de garotinhas
(e para isso há suas panacéias sofisticadas de dor)
quer algo que não sabe o que é mas que PODE TER!
está sim, bem confortável no aparentemente rotineiro

o Segundo não tem nada, pelo menos é o diz
(Primeiro ainda não ouviu isto, poderia ser problema)
observa atento as ameaças que da boca saem com volúpia tirania

— O que diabos este quer de mim?

Tortura psicológica/momento suspenso

Podemos começar?

888

Do Luxo à Impotência - Jean-Luc Lagarce

Mil riscos tortos cruzam-se em um emaranhado novelo de lã
ao longe podem ser dois pontos seguidos de suas órbitas
pontos que encerram e que conectam-se sem se encostarem
letras palavras afonia fogem da escassez dos pingos de caneta
não seguido de sim, nunca ligado, ao menos que
escrevo para ser lido ou porque tenho uma doença
outrora convêm fazer isto: esconder atrás de si
dizer que não eu quem redijo ao remetente
organizar as estantes e mostrar minha coleção de livros
estar num café e não estar, lembrar onde esteve
monumentar o desprezível com luxo
ter medo (ou revés)
vontade ex nihil visível mentira
ser uma legião e não ser ninguém
momento de incompreensão
proteger o mais importante e intimo de todos
ser corajoso: impotente
terminar sem ponto final
trapacear, pregar uma peça

888

Isso Te Interessa? - Noëlle Renaude

O Pai lembra do Pai e diz as coisas do Pai
Bruto de eufemismo duro como concreto
Enquanto fuma um cigarro (e mais outro)
Adora o Filho que garantiu sua distância da família
Único amigo: o Cão
A Mãe não lembra direito
(Admite diferente do cônjuge)
Escondendo como pode suas neuroses
A Irmã que defende-se da violência
Ambas carregam a vaidade
Que as desmancha lentamente

Degenera-se a família, perpetua os tipos.

Flor de Origami

você bebe nescau
conta histórias sobre nós sem saber
inclusive qualquer coisa
com mostarda e você fica melhor
os cachorros sarnentos são belos
as crianças tem cheiro de manteiga
tua risada carnívora é flor dentada
mastiga saboreando sol
quando você fala gritando
(como se Janis tivesse no vinil)
filho-da-puta teu não ofende mas acarinha
você é feliz sem estar com alguém
de falsa modéstia nunca admite
por isso sua companhia é requisitada
em todos os restaurantes, eventos e praças
um tanto diferente
tenho que ter fé de que sou feliz
para sair de casa e ir até esquina procurar o que for
me incomoda a burrice alheia
mesmo que seja um tremendo burro
a principio somos distraídos
nunca nos ouvimos direito
nunca nos entendemos
nunca nos realmente olhamos
porque quando te olho
me distraio num rumo
num pensamento
não-pensamento
em algum lugar
não-lugar
logo você está em tudo
e antes do combinado está lá
perdida

(autoerotização cotidiano)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

DOMINATRIX

Pisa-me com o desconforto de teu salto
tatue o mercúrio das tuas presas
corta-me em pedaços e misture com a ração dos porcos
destile a essência/deleite mortal
confortável prisioneiro dos vícios
DE-ME ALGO PARA ESTANCAR O SANGRAMENTO
afiado preferencialmente
ampute a dor
pensar não amo
         convencer-me enfim
prazeirosamente engolir desprazer
cínico somelier - nada entende
a sobremesa será vossa morta inocência

não me digas como sofres!

(autoerotização indulgente)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

SUBVERSIVIDADE ENCARCERADA

Mãe de filhas órfãs traças & bruxas
Viúvas negras criadas aos abutres necrófilos
Pais de alma incestuosa
Acidente fatal fortalecedor parafraseado popular
Medeias teatrais espontaneamente embriagadas
Do que é mais vontade em potencial libertador & humano
Lutam melhor que Édipo (aquele bosta)
Contra o destino dos "omens"

(fetichismo grotesco feminino)

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Preso Lá

Houve esta manhã
como houverão outras
pelo meu engano
foram todas iguais
não houve nada
aquém nem horizonte
só pilhas e mais pilhas
e não paravam por ai
pilhas e pilhas e mais
entortavam o assoalho
esmagavam a minha fronte
(e mais pilhas de pilhas em pilhas)
tudo se fechava em preto
mergulhei igual tio patinhas
procurando um brilho dourado
agarrava juntado as vidraças do peito
atravessado por uma agulha
arregalei os olhos como
 havia feito outras vezes
 fechei-os
demitido dos dias iguais
mas com a recisão para assinar

com possibilidade de
ainda estar preso aqui

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Mal Gnomo

alavanca do sonho
gatilho do desejo
alma irás se vender
por troco ao diabo
rosto em dois lados
contrato rubricado
assinatura escarlate
comerá teu cérebro
descascando o crânio
como ao ovo se faz
desfiando linha à linha
do teu pesadelo, melhor amigo
segredos teus guardados
cicatrizes sem significado
rastros e restos de equações
fendas derramarão teu molho
pela rachadura do céu da boca
ante ao ultimo grito
o nó da garganta preso numa ficha do fliperama local
em 21º verso de colocação
GAME OVER - try again?

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Pervertidos provavelmente

provavelmente pervertidos
dentes de luxúria, estação profana
pedra no caminho do abismo
 navio em copo americano
freira hóstia/virgem canibal
dizia a letra, vendia como banana
grudava como chiclete
enquanto conseguia mais receitas
 preparava uma dose antissepsia
marcando no calendário
abortava o amor próprio
 esquecia números quanto apostava
faísca e fluído (ouvia a rádio)
lua em suas fases
não encontrava sintonia
doença barata vida
ano do cavalo de madeira
abandonados por fé à esperança sem vontade

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Ferido Tango

salte da janela
junte as notas
cacos desafinados
vidro epiderme
cortantes como vento
uivando uivantes gritos
pendure-se nos sonhos
com eles se desmancha
CORTEM-LHE O CORDÃO
tesoura cega sem ponta
a criança nasceu morta mas está saudável
explodem como balões
confetes e festas de aniversários
apreciam sua morte
aprecie também
ria com eles
brinde por sua manchete
funeral jazz
alguém está ouvindo
marcha confortável tristeza
ainda estais vivo
momento registrado
desenhado à luz num papel
bela impressão
anjo eternamente decaído
beija-me sutil asfalto
será então a ultima vez
sete palmos adentro
a mãe lhe da a ultima injeção

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

sumiço

eu estava sem gasolina no carro
resolvi ir ao posto mais próximo
estava fechado
 na volta não encontrei mais meu carro 
logo depois disso aconteceram terremotos
os animais do zoológico foram expulsos,
 tentei fugir;
           não deu tempo; 
  a polícia me pegou por atendado ao pudor,
estava como uma estátua de um general morto 
                nu em praça publica
Jurei pela minha santa mãezinha na zona 
não lembrava de porra nenhuma
                               ai fui solto esses dias.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Protocolo Guru

vencendo
o tempo é relativamente infinito
você está VENCENDO
mantenha-se assim
seu futuro
cabeça erguida
FUTURO
subindo a escadaria
olhe pra trás e veja você mesmo
aperte a sua mão
desmanche-se em sal
você está VENCENDO
viu como é fácil
E assovie
tente de novo
ainda não aprendeu
no problemo, my friendo
saltite e encoste os calcanhares
é divertido, não?
é, como nos filmes, não é?
cante, espante os males
vale a pena viver?
só não cante na chuva
poderás adoecer
aqui, empacotado pra levar!
próxima questão
(os populares ditados)
incomoda-lhe a idade?
o tempo lhe pressiona?
EU posso lhe ajudar!
SENHA:
aqui, prontinho pra levar!

domingo, 13 de julho de 2014

ARESTA

mal te quero
bem te quero
mal te quero
bem te quero
mal te quero
bem te quero
piores versos foram feitos
para se lapidar sílabas
sem bem entender
esculpir irreversivelmente o temporário
desmanchar e tornar ínfimo
aquilo que está atrás da PALAVRA
ressoancia toráxica
ar - folego
impulso inconsequente
preocupação
bobagem
necessidade de atenção
infantil desespero de mimo
besteira reativa a tua-issima presença
estranha carícia de socos
brincadeira adulta e sadia

ATEU (Mitologia)

          seguido de um inacreditável fim


tome aqui teu poema
este mesmo a tua vista
leia-o como mortos levantam do sono
se isso fosse possível, claro
terias de acreditar também
que guardo qualquer tipo de remorso
e qualidades para metaforas sem igual
..............................
..............................
..............................
..............................
 ou sentimentalismo babaca
  mas veja bem em italíco:
                         não sou desses
                 VÁ EM FRENTE!

não choro, é alergia a chumbo e .18
datilografico,
              e só isso
não
soluço e
já n~ao faz isso; parte daquilo
nem fui Gabriel a dizer isto; disse ele:
SÓ NAO JURO PORQUE NÃO SOU DESSES
.............................
.............................
.....;.......................
.............................

nao entende-se mais nada

Invejável infâmia
MATA-ME POBRE D'ALMA

mal nosso que estais no céu

rezo sempre antes do sono

pois
Do teu fígado sou corvo
  Sifílico mal encarnado

Mato um milhão antes do café da manhã
                    lá pelas 04:54

canso-me enfim e tomo litros de curió

e antes de inventar o que direi

quinta-feira, 26 de junho de 2014

escada

 desço   te acho
 que          e não
   desço  subo
   
                 


sábado, 21 de junho de 2014

Bad News


As Novas 
Notícias


Não estão belas as flores como no ano prévio
Tardou hoje e logo veio ontem
Você não saiu correndo
nem foi se empalar no hidrante (apesar do calor)

O vento latiu tímido 
Nenhum sinal de siri ou monstro
Os telefones tocaram e ninguém atendeu
(claro, cobrava-se esta ligação)

tainhas andam de bicicleta monark
o fantasma de bento fuma maconha
o jornal tem letreiros cor de sangue
ouve-se o volume alto da televisão

ninguém pode ser feliz aqui
(ou com órgãos no corpo)

O Enforcado

dependurei me pelo pé à forca
além do tédio alimento frutífero e ferida desinteressante
espectador ambulante de glóbulos cego
muleta herança morta
nada
nem parede
nem planos dimensões
conformismo desesperado
afrente
pulsa-para
vermelho cor que odeio usar de novo
insensibilidade fúria cínica
agulha afiada irônia
novamente
inerte
leve esmagadora espera
1 momento
.................
,,,,,,,,,,,,,,,,,
era o carteiro
estava chateado
notei ele falava
está tudo aqui:
boca imunda beijos e adeus para sempre meu cartão sem fotos e novos recados na caixa postal
viu vai ser engraçado
entregar galinhas e esmagar ovos em tuas metafísicas
império de aniversário desatino de boas novas
(não nasci para o paraíso, o pecado original salvará)
solidão insaciável construída
destinada virgindade
vermifunga ideologia dourada
basta-me (muletas) para andar e rastejo tão bem até mesmo pendurado
a expressão afirma muito bem nada mudou (além da forma)
nasceu pra ser tudo o que mais odiou
fracasso de explicar o que
morder a própria língua nas grades do cárcere
estar nu transparente e querer torcer a ultima gota
inocência morta como plantas em quadros peixes e aquários com filtros
teu cachorro morre e tu não tem coragem nem de buscar-lhe os ossos
tuas sobras tu não tem a dignidade de pagar e nem ninguém de te forçar a isto
provocar provocar provocar provocar
esperar o resultado da pesquisa
pinceladas em pavio e pólvora
cores fogo fluído
é um erro (entre 1 e 2)
nascer e produzir a indiferença
olha você aqui de novo
é inevitável
este esgoto de poema
transbordou pelo ralo
a superfície do fundo
caminha de um lado para outro
tentar entender fracasso
igual diferente
unica parte fragmento
nada tudo
coisa concreta
inversão correta
foda-se
deus odeia um covarde
a queda (bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonnerronntuonnthunntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk!)
você já não me conhece

quinta-feira, 19 de junho de 2014

compositor mediocre

é muito amável
O MELHOR
sem dúvida!
agradável
É BOOM DEMAIS!!
Nunca o vi perder
vez outra empata
competindo com outro ele
So lovely
coração de muralha
vou obturar a tua cárie
retirando-lhe o dente e a raiz do escárnio
mas é muito difícil fazer quaisquer operações em si
disse consigo e finalmente desistiu

Fragmentos

dos poros
sutis gotas
balsamo volátil

descasque a persona pele máscara
prenda-se ao abismo do olhos
ergástulo no invólucro de outrém

RESGATE

terça-feira, 10 de junho de 2014

MERCADO D'ALMAS (ou onde nada se resolve)

Volto ao posto de gasolina. No estabelecimento, me desculpo pela vez anterior e peço a recarga mais barata. Digo que foi um daqueles dias prazerosos de existência. Nada com você com ninguém, ou impar especificamente. Cartão ou dinheiro? Qualquer coisa me irrite, talvez; lembra, como da ultima vez? A operadora e o número; tome aqui o troco teu, e não me encha, entre a tua ultima e minha primeira, VAI SABER LÁ QUANTAS FORAM; FILHO DE CRISTO! Justamente, se não tivesse sido como na ultima vez, afinal, como seria?

ANTERIOR PENALIDADE 

Não atendem as ligações, mesmo que insita com outro número hoje não atenderá. E NÃO ATENDERÁ E NÃO SE SABE DEUS PORQUE. Vontade de deprimir-se maior, maior E MAIOR.

ELOGIOS AO FUMO


Fumaça ansiosa 
vício do não aguentar-se aguardar
poder daqueles que desdenham tempo
diminuir - 2 minutos da espera
do Eterno Momento d'Agora 

O dinheiro como querer mostrar-se,
de encontro vai a quem mais o almeja

Dinheiro
tudo só depende pra quem, 
dinheiro
 nada relativamente
não se dá ao desdém.

CORTESÃ VIRGEM (santa louca)

Decidi sair no dia das bruxas em plena páscoa. Cansado de identificar-se em fracassos de heróis e encontrar um padrão pra rachaduras cravadas no pavimento tábula rasa democrática natureza instaurada ciência inútil Oposto inútil impensável redenção Idiotas procuram fugas fácies além três pontos sem saída breu aos modos da época como gosto diria aquele escritor maior preso num mosaico artificial construído à naturalidade indescritível da prosa NÃO EXISTE C O N D I Ç Ã O DE NATURALIDADE o artificial se instaura contamina
Ninguém entende porque. PARO.
Ergo a cabeça tenho olhos na nuca que nunca percebi não busco cegamente seguir adiante fato consumado amor fati tédio fontes exteriores reservam o segredo (oculto ao cubo) da perpetua forma vazia quimera indomita MERDA!
Observo o papel, sou eu ali. 
Descarto-o ou o empilho? 
Duvido de tudo. 
MERDA!



Entro no estabelecimento do posto pela primeira vez, com a ignição na guela:

Do início

Sem nome

pedaço sem forma de carne
 respire algo de vivo
cabeça engolida de alma sem corpo faminta daquilo que sobrou de ser
 palavras cravadas incendiando algo menor que o senso e distante do valor
            algo este que encerra o carcere de nunca ser inteiro

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Investigação Cabalistica

Escondi a fratura com band aids e bugigangas
soldei os parafusos aos fios de cobre que faltavam
cortei metade do acerto (sabia que o era errado)
apostei no que não se diz: no destino (meio acerto, quem diria)
bussolas mentem e os mapas transgridem as linhas
da tua aldeia fala o mundo dígitos epidérmicos edificam arvores
há neve embaixo do bigode e insinuações escondidas em numerologia
a cigana banguela é cega e mesmo assim ri e enxerga com os dentes
onde está a polícia anarquista para livrar o partido dos abusados?

por hoje nada
prosseguir amanhã.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Lar


minha cabeça
          tem uma janela
quebr     da
na sala uma
lâmpada oscilante
qu ei mou


segunda-feira, 7 de abril de 2014

O Açougueiro

com as mãos
(e depois com o martelo culinário)
canta somente
(e depois com um cutelo)
para teu coração

corta a carne
com os dentes serrotes
lembra da raiva primeira
felicidade nostálgica-infante
de rubor e de gritos
o calor da carne macia

só o trabalho purifica! pensa

agora esposa
à quem gosta de bater
(e ela de apanhar)
enquanto canta

esquece isso
deixe de ser romântico
ela já está morta

continua gostando de apanhar
mas não de qualquer um, é claro.

gosta de cantar e de trabalhar
quando sua raiva lhe sai pele afora
se bem que isso é só o que o faz
em seu balsamo de ferro

tem no fundo crânio,
de frente aos olhos
marcado a imagem da própria cegueira

mas mesmo assim fala com o cadáver
dentro do saco de lixo, esquartejado
mas com a perna ou o braço no lugar
vestindo uma peruca loira

o ser lhe questiona:
pra que tanto amar algo vivo, não é?
se quando amamos já não é se mais aquilo que estamos amando

por isso eu te amo mais morta do que viva

você ama a carne e o sangue, meu bem

sangue e carne nossas

a lamina é tua melhor amiga
ela dividi-te de mim
ela me dividi
em PE-DA-CI-NHOS

:)

terça-feira, 25 de março de 2014

ESBOÇO

retrato escrito em caneta bic
essência vazia branca
furo onde dou nós
vazamento preto
folha que desdobramos barquinhos
fios que ensaiam-te
sorriso flutuante
lábios como ondas contra rochedos
delicado rosea marítimo
lápis que não saí dos olhos
janela do mundo de linhas afiadas
aquário de quadrantes não-cartesianos
(cansamos da batalha naval)
luzes contornam a violência das cem primeiras vezes
estudo paciente de percepção
falsa monotonia de estar

quarta-feira, 19 de março de 2014

Nouvelle Vague

A. teve sua morte no amor
quando jogava na lotérica do bairro
bingo do asilo ou truco no colégio
deu all-in e perdeu
não podia dar all-in mas deu
tinha como único movimento evitar outras possíveis mortes que amar lhe custava
O MEDO (era o que movimentava sua vida)
de ser pego na cama com outra
de que se não fosse I. sobreviveria
que se esquecesse da palavra anterior
ou daquele dia como o primeiro na chuva
do inconsequente replay
fez um documentário
mas nunca entendeu bem
dançou, mas não sabe não
gostava de conversar
jazz modal
viciado em sorvete industrial
aquela coisa que não é nada
não é tudo
não sabe
A. em hora de assalto
não ouviu a porta
pego em pleno ato
flagrante na certa meu sr.
calibre 38
O MEDO (novamente)
de morrer pelas mãos do marido da amante
sem pudor
fez-se IN-VI-SÍ-VEL
sim, V.Ex.a
"nome e cargo"
a ultima vez que o vi andava de sobretudo e rayban c.
pela sombras das ruas e atravessando fora das faixas
(juro que apesar do comportamento menino bom)
me contou ontem mesmo
no dia em que veio a óbito
fronte a mim
ataque cardíaco fulminante
granada de mão em tórax
amava I. aos montes
nada demais
braguilha fecha-te
A. era um tiro ao alvo
BANG-BANG!
cartaz e recompensa
WANTED
presa de femme fatale
dos filmes em preto e branco
I. com indicador aos lábios interrogação
sabe que a observam pela tranca
mistérios em branco e preto.

(inspirado em Acossado e um conto de Apollinare q esqueci o nome)

sexta-feira, 7 de março de 2014

Intravenal Salamandra

pronto?
a beira do perigo
répteis sobem
o apartamento
a salvação
cada dia pior
quando foi que ela voltou?
não leu o contrato
o extintor venceu
a causa pode estar errada
enganada talvez
qual o número dos bombeiros?
me corte
o rabo caí vivo
tornarei-me profeta
ela já foi embora?
cortaram a luz e a água
ato de resistência
ou distração
politica da fuga
FOGO!!
a casa não tem nada
relaxe
a operação foi um sucesso
"não tem químico"
asfixia suave faísca
fósforo propulsor
supernova diluída
salamandra intravenal
ela foge.

PARALISIA DO SONO

tenho entrado em lutas diárias
com convicção de que não posso ganhar
da rachadura de meu crânio
sai as imundices que me amarram-se as palavras
nó cego deitado e despreparado
não definem mas chamam
sucessão de fatos desordenados
1 vida
não 20 ou 40
não dias
mas os milésimos sincopados
instáveis e voláteis
menos
NÃO
EU NÃO CONSIGO DESCANSAR
bem se diz é direito de todos
suicídio sem escolhas
solitária prisão perpétua
genocídio inominável
qual o teu nome?
tenho a covardia de me desnudar
de grudar a carne ao espírito livre
quero uma benção suja
o valor de minh'alma
verdades cientificas
progresso ansioso
reais alucinações
máquina delicada
hóstia
corpo do sacrifício
destilado venal
bebemos
bebemos
o tédio orgiástico
imortal opressor
de mil facas
em gargantas
medrosas
moribundas
apáticas
vermes
perde-se tudo ao despertar
digno de não-se-sabe-o-que

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Cantiga de Ninar

corro nu
arrastando escuridão
luzes estáticas da tua janela
no exato momento em que alcanço
o rodapé da pagina que lias
apagas o abajur
esmagas as folhas com tuas palmas
rasteira
caís
tropeças em escadarias de poças
que ao secarem não lhe trarão a superfície
doce esquecimento de perigos
profundo profundo sono

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Como incendiar Roma sem Nero?

respeite eles
os homens medíocres
os medianos
os seus valores que encontram em si
que se encerram
ali mesmo
suas conversas sobre
futebol automóveis churrasco
bicuda na pelota
farol acesso
cortes de carne
contra-filé da coxa
as tetas
o rabo
boceta
não julgais para seres inocente
respeite
como a cultura grega
que um dia ruiu pelo império bizantino
mas que sobreviveu ao império romano
vice-versa ou que se foda
não procure por você
repita comigo
não há erro
respire fundo
afine a lira rota
cultive a covardia
é fácil
aceite a violência alheia
o abuso gratuito
espetáculo romano
viu?
respeite
pois o publico ama
o corpo e sangue de cristo
o sacrifício de vossa opinião
a fraqueza dos que não julgam
de ao povo o que é de Cesar
dizia o vendedor ambulante
agrademos gregos e troianos

Barbie Boy

Te vi na esquina quando
meu olho grudou em você
no seu jeitão belo sadio forte
com um rosto de bebe
seus olhos fundo de piscina mil litros
MAIS BONITO QUE A BARBIE
dizia o corifeu a mim
amável homofobia apertada camisa branca permeável
um charme espremido em músculos inchados de veias estourada
MAIS BONITO QUE A BARBIE
digo és tesouro fotogênico escultura oca
self-made man ready-made
carapaça de molusco
modelo europeu americanizado
torneirinha, você me agrada o mundo com socos
mata-leões e heteronormatividades de primeira classe
MAIS BONITO QUE A BARBIE
um tesouro para os olhos
muito obrigado pela sua generosidade

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Praia da Solidão

Quando você bloqueou o sol e
desmanchou meu castelo de areia
não fiquei brabo admito

problema foi tua palavra nova
ter entrado em minha boca
e saído muito tarde

você costumava voltar
com conchas e animais mortos
cigarros e bobagens ditas em livros
nunca entendi

tenho acordado cedo
fugido de bike
de chinelo
conversado com deus
me alimentado de frutas

procuro outro significado

refaço o castelo com paciência
(ninguém nunca sabe o que quer)

penso em alguma anedota
enquanto você não chega

"o sal do mar é inocente
nada tem os nomes que dão aos bois
ser para quem for"

domingo, 12 de janeiro de 2014

Necrolove

quero silencio
fossa boca
incendiar o que for
não consigo limpar
não há abismos
há abismos
(você diz)
ninguém sabe
mas e dai?
eu prometo
eu juro
pior
não quero nada
quero silencio
dessa fossa boca
um fósforo
o gás do fogão
sujeito sujeira
gordurenta
presa em mim
salienta
marca tudo
minhas digitais
não consegui limpar
tua boca
ferro vermelho
negro sangue
você venceu querendo perder
terra fértil
matéria prima da vida
inorgânica

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Ode a Autorreabilitação

vida vício
cigarro amassado
nicotina úmida
(fogo inspira respira)
leve cinza leve
possível
disposição ao azar
poucos trocados
moedas
moedas?
nenhuma dose
olhos sujos
abutres repousam na boca
insetos rastejam pelo corpo
o oceano sangra?
bom lamber as feridas
compaixão e piedade
é alimento dos vermes
nuvem negra sob o signo do caos
arrepios e raios
meu interior se projeta
uma poça fétida e espumosa
(chove ou não?)
não ligo
corpos e monumentos queimam
meu coração bomba
conta regressivamente
ruas casas
edifícios
praças
bosques
instituições
peste quarentena
paranoia coletiva
celebração mortal
dança macabra
dia após dia
paciente
com olhos dentro de frascos
me reabilitarei
serei um homem novo
velha sociedade
serei um homem novo

Vizinhança

o que ele faz dentro daquele cubículo
o jornal está todo dia na porta
nunca acena quando vai embora
certamente esconde algo de nós
talvez ele seja tudo para si
por isso sempre reclama do barulho
mesmo quando não estamos em casa
não cuida de nada
não há criança ou animais de estimação
até a samambaia está morrendo seca
poucas fotos antigas
muita poeira
paranhos decoram as esquinas das paredes
o cheiro do banheiro é horrível
a torneira não fecha direito
as toalhas não secam
as roupas rastejam pelo chão

o que ele faz, eu não sei
não é palavra-cruzada

esse som que vem da porta?
a TV está ligada
ouvi dizer que envenenou os gatos da vizinhança
que tem uma ex-esposa em Londrina
e uma empresa de segurança
mas não se acredita em mentira
mas QUE PORRA ele está fazendo
nunca teve visitas

esse assovio infernal
o que tanto faz?

não há como saber.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Bondade

acreditei em todos
cai, sem salvação
nem amigos
deus me livre
família ou estado
eram todos tão
simpáticos e gentis
hoje digo contente:
a melhor coisa que fiz