quarta-feira, 19 de março de 2014

Nouvelle Vague

A. teve sua morte no amor
quando jogava na lotérica do bairro
bingo do asilo ou truco no colégio
deu all-in e perdeu
não podia dar all-in mas deu
tinha como único movimento evitar outras possíveis mortes que amar lhe custava
O MEDO (era o que movimentava sua vida)
de ser pego na cama com outra
de que se não fosse I. sobreviveria
que se esquecesse da palavra anterior
ou daquele dia como o primeiro na chuva
do inconsequente replay
fez um documentário
mas nunca entendeu bem
dançou, mas não sabe não
gostava de conversar
jazz modal
viciado em sorvete industrial
aquela coisa que não é nada
não é tudo
não sabe
A. em hora de assalto
não ouviu a porta
pego em pleno ato
flagrante na certa meu sr.
calibre 38
O MEDO (novamente)
de morrer pelas mãos do marido da amante
sem pudor
fez-se IN-VI-SÍ-VEL
sim, V.Ex.a
"nome e cargo"
a ultima vez que o vi andava de sobretudo e rayban c.
pela sombras das ruas e atravessando fora das faixas
(juro que apesar do comportamento menino bom)
me contou ontem mesmo
no dia em que veio a óbito
fronte a mim
ataque cardíaco fulminante
granada de mão em tórax
amava I. aos montes
nada demais
braguilha fecha-te
A. era um tiro ao alvo
BANG-BANG!
cartaz e recompensa
WANTED
presa de femme fatale
dos filmes em preto e branco
I. com indicador aos lábios interrogação
sabe que a observam pela tranca
mistérios em branco e preto.

(inspirado em Acossado e um conto de Apollinare q esqueci o nome)

2 comentários:

. disse...

o eu-lírico Daniele nunca escreve?

Gabriel disse...

o eu-lírico daniele dá formas à ideias

Postar um comentário