terça-feira, 29 de março de 2011

Conto do Sem-Nome-Qualquer

Estava eu, jogado na sarjeta de algum-lugar-qualquer na frente de um bar imundo, quando tive uma miragem onírica típica de quem sonha acordado (ou de quem está altamente embriagado), era uma moçoila, na verdade um anjo (pelo menos eu acreditava que era), dela emanava uma radiante luz, porem não possuia uma aureola em sua cabeça (como a maioria dos anjos que são descritos), mas se podia ver a bondade angelical naquele olhar tão delicado, e com esse mesmo olhar ela estendeu a sua mão, que era tão macia quanto cetim, ajudou-me a levantar com um sorriso bondoso, que não queria saber os motivos de eu estar aos trapos, sujo de lama ou cheirando a cachaça... Ela me falou coisas nos ouvidos, palavras que nunca irei esquecer, palavras que me fizeram mudar, foi naquele momento que eu decidi: vou parar de beber, irei permanecer sóbrio até o ultimo dia da minha vida, tomei meu rumo...

Quando dei por mim já estava abraçado a um garrafão de vinho (sou um cretino bastardo mesmo, nunca irei mudar), talvez no fundo esse fosse o meu verdadeiro anjo, aquele que me faz esquecer todas as coisas ruins (e até mesmo as coisas boas). Espero dessa vez que Deus, ou seja-lá-quem-for não me venha com essas miragens de novo, se quer que eu saia dessa vida, que me traga outro vício.

terça-feira, 15 de março de 2011

Ismália

Ela estava com o rosto pálido e sem animo, e dentro dos olhos castanhos escuros eu via sua alma torturada pela loucura que a fazia sofrer, que a prendia grilhões, apesar disso trouxe-lhe o meu cálice dourado que continha a mais pura e cristalina água para assim acalma-la da loucura que a atormentava, e com um rosto sem expressões ela recusou, não queria beber da água, na verdade não queria nada que eu pudesse dar, nada. Eu queria apenas ajuda-la, mas ela não compreendia, que eu não havia a chave prateada daqueles grilhões, isso tudo fazia-me sentir inútil. Ela saiu, sem falar nada, no silêncio, era notável ouvir seus passos ecoarem pelos corredores, ouviu-se também a porta de seu quarto fechar.
Na sua sacada ela observava a cândida lua cheia que contrastava com o céu azul-celeste da madrugada, a lua também refletia-se no mar. Ismália então pôs-se a sonhar, queria tanto a lua do céu, assim como também queria a lua do mar, e no sereno ficou a devanear, e sem perceber estava a cantarolar, ouvia-se de longe aquele lindo cantar, e como um anjo, ela pendeu e ruflou as suas pequeninas asas de par em par, Ismália havia encontrado a chave prateada no céu, e eu havia encontrado os meus grilhões ao mar.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Insígna de Thel (Thel's Motto)

Será que a águia conhece o abismo?
Ou queres perguntar a Toupeira?
Coloca-se a Sabedoria num cetro de prata?
Ou o Amor em um cálice dourado?

terça-feira, 8 de março de 2011

Carta de um poeta morto.

Algumas vezes por dia parece que apertam o meu coração, outras vezes até tenho a impressão de o atravessam com uma agulha. Talvez seja minha propensão genética a problemas cardiovasculares, mas definitivamente não é amor. Pelo menos é isso que falo para minha pessoa, a fim de aliviar um pouco o sofrimento. Quem saiba exista um...

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Caro leitor estou aqui para anunciar que o jovem rapaz que escrevia esta prosa faleceu hoje, irônicamente de um enfarte agudo no miocárdio, pelo jeito ele realmente sofria de fortes dores no coração. Pobre coitado nem ao menos teve a chance de terminar sua ultima obra. Bem que descanse em paz, um abraço fraternal do seu querido Eu-lírico.