segunda-feira, 29 de abril de 2013

O gato

Existe um gato que chia em meu peito

Seus bigodes eu sinto contra meu pulmão esquerdo

*

Desejaria olhar o felino nos olhos

Abrir a caixa torácica com uma faca de cozinha

Ver se na escuridão ele vira pantera

*

O gato é higiênico

As vezes tusso uma bola de pelo com sangue

*

Para que miar se ninguém te ouve além de mim?

*

Ele ronrona e eu sinto preguiça

Fumo um cigarro e ele dorme

*

Não sei que nome dou pro pobre gatinho

*

Meu amigo médico me sugeriu tuberculose

Eu não gostei

*

Ele parece gostar mais de tango argentino do que de blues

*

Acho que começo a entender ele

*

Três toques com a pata no plexo, um copo de leite

Dois sardinha enlatada

Um cigarro

*

As vezes esqueço que ele está aqui

*

Se eu pudesse estar no peito de alguém também chiaria

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Caixa de Sapato

Afonso passava os dias vivendo o insosso e desgostoso sabor da rotina de trabalho. A ida, a vinda, paisagem mutável-estática, da cidade que tinha estações conturbadas, graças ao efeito el ninõ. Assistira uma documentário sobre. Nada que pudesse assustar nosso herói moderno e cheio de indiferença moderna.
De um dia pro outro começou a perceber, no trajeto casa-trabalho e trabalho-casa, um par de sapato bicolor, que o irritava como uma brincadeira infantil. Mesmo quando pensava em mudar o caminho, e por fim alterando rotas de imprevisto, acabava por encontrar os malditos de duas cores. Era em diversos lugares, na calçada, na janela, no muro, em cima da árvore, em cima de carros, embaixo de carros, perto do bueiro, em todo santo lugar que Afonso mirava seus glóbulos. Aqueles sapatos o perturbavam noite e dia; ora acordado no trabalho, ou em casa escovando os dentes, tendo que recordar que iria acabar vendo novamente o preto e o branco daquele calçado não-abençoado; ora dormindo, sonhando que a sola cinzenta esmagava-o contra o pavimento, ou o encurralava em becos sem saídas.
Chegando em casa, como de costume conversava com seus colegas virtuais, jogava jogos de cartas online, e ficava um bom tempo observando o seu perfil de uma rede social. Ficava encarando a tela, esperando algo que acontecesse, algo que não fosse da iniciativa dele, algo extraordinário. Mas dormiu sobre teclados, deixando uma de suas conversas no abismo do vácuo.
Foi então num dia no trabalho quando Ikê (registrado como Henrique), amigo de trabalho, que costumava contar uma porção de baboseira esquisita, como o dia em que pegou o próprio pai vestindo uma calça legging da sua mãe. Ikê estava revelando o seu novo amor-psicótico, por uma garota na internet. Ele mostrou o blog onde ela postava as fotos que tirava, que por sinal eram até boas fotos. Afonso não dava muita bola para o que Ikê falava, ou mostrava.
— E ela sempre conversa com você? — disse Afonso, fingindo um certo interesse.
— Não, ela não gosta de conversar.
— Mas você já ficou com ela?
— Que? Como?
— É, você já beijou ela?
— Pff!
— Já!? — Diz com um certo espanto.
— Ainda não.
— Como assim?
— É que... — houve uma enorme pausa e uma troca de olhar de uma tensão que vibrava da oitava do desconforto ao mistério cômico de alguns rostos ridiculamente deformados pela enorme pausa erradica, que dava um ar de non-sense, prosseguiu com: — ela acabou de sair de um relacionamento conturbado.
— Nem sabe da sua existência.
— Eu preferi por não entrar na vida dela neste momento.
— Isso foi um sim?
— Não!
— ...
— ...
— Ela pelo menos sabe o seu nome?

No final do expediente Ikê tem algo para mostrar à Afonso, que recusa dizendo que esta muito cansado, mas sem dizer os motivos. Ikê, avisa que mais tarde irá ligar para saírem e tomarem algumas. Afonso concorda, se cumprimentam de longe e tomam rumos opostos.
Em uma rua arborizada de um bairro rico, está Ikê observando por detrás de um carro, com a sua câmera na mão, filmando uma garota. Percebe seu tênis desamarrado, então se abaixa. Nesse momento a garota se aproxima dele.
— Você também gosta de tirar fotos de calçados?
— Na-não... —  gagueja um pouco, segue dizendo —  na verdade não, e-eu tô só amarrando o tênis.
— Hmm... — a menina colocou o indicador sobre o canto do queixo, dando um ar de pensativa —  estranho parece que já te vi tirando fotos antes.
— A-acho que não... — filmou o rosto dela.
Desse dia em diante o amor de Ikê cresceu de forma inimaginavel, ainda mais agora que ele sabia o nome dela. Estava prestes a adicionar ela no facebook, ou até mesmo seguir ela no twitter. Ao chegar em casa, desperdiçou horas procurando-a na internet, por fim encontrou mas não adicionou, receio que ela pensasse "maldito stalker!" ou coisa similar. Lembrou-se de ligar para o amigo que estava deitado.
Marcaram de se encontrar no slacker-point para fazer um slacker-alcohol-trip. De fato, houve relutância em parte de Afonso, que não queria deixar a cama, teve um sonho-premonição de que a noite seria um grande ato de deprimência. Ao saírem do mercado com suas cervejas de marca estrangeira de pronuncia complicada, pois consideram-se mestres da arte da boêmia. Ninguém poderá tirar chacota desses dois.
— Costume idiota esse. — retrucou Afonso.
— Que costume?
— Esse de comprar bebida pra ir na frente dum bar e ficar observando a paisagem.
— No bar a bebida é mais cara.
— Digo, o costume de ficar de observar, sem fazer nada.
— Ah, isso é.

Logo os dois estariam de frente para o bar, só observando. O tempo escorre monótono. Afonso vai banheiro. Ikê, abandonado, não percebeu passar o tempo, muito compenetrado refrescando os olhos. Sim, não era à toa que estava lá, ainda mais segurando cervejas de marca. Afonso voltando, assisti Ikê cumprimentar uma garota de longe, ela diferentemente dele se aproximou e começou a conversar com. Afonso aproximou-se e logo todos ficam sem saber o que dizer. Ela se despediu, eram estranhos demais para uma conversa fiada. Dão uma volta pelo quarteirão, resolvem parar em outro bar.
Afonso observa o céu esperando amigo que foi buscar cervejas. Ele retorna com copos plásticos quase transbordando. Afonso não percebe seu amigo e fica lá observando as estrelas, que são infinitas em quantidade e finitas em tempo de vida. Nunca entendeu bem porque uma estrela não é um ser vivo, afinal elas nascem e morrem, como nós.
— Ei! — na tentativa de chamar atenção do nefelibata, que está pulando de uma estrela cadente pra outra. — Ô-filho duma puta! — Aterrissou direto no terceiro planeta do sistema solar. Abaixou a cabeça, olhou encarou o amigo.
— Que? — respondeu Afonso alcoolizado e abobalhado. Pegou o copo, olhou de novo pra cima. Caiu uma gota exatamente no olho. Fechou os olhos, abriu: estava na cama de casa. A primeira coisa que fez antes de bocejar, foi abrir o notebook. Após aberto, olhou pela janela, olhou a bagunça que era seu quarto. Existiu pensando. Bocejou. E na equação algébrica dum futuro, não encontrou solução pra sua incógnita.

Em outra caixa de sapato, kitnet ou como quiserem chamar, quase sem mobilia, está Julia. A tal garota, que Ikê. Essa é Julia. Que passa a maior parte do seu tempo, fumando um cigarro dentro de casa, observando as fotos que tirou na tarde passada, tomando um café preto. Engole um remédio anti-depressivo, que por sinal é um dos ultimos (o que já lhe trás um desespero). Para ela tirar fotos é uma parte da sua terapia. Já tentou escrever um diário, já foi no templo hare-krishna, fez judô, algumas aulas de teatro e até mesmo fez uma consulta à uma cartomante. O diário ainda existe, mas só faz ela ficar mais triste quando lê as coisas que antigamente escrevia. Os krishna funcionaram por um tempo, mas como toda religião, estava começando a ficar alienada em excesso. Judô só lhe rendeu dores homéricas nas costas. A cartomante ainda não acertou na previsão, disse que ela se apaixonaria por alguém. Até parece, nunca mais vou arranjar ninguém, nem quero também, dizia para si quando lembrava dessas coisas. Estranhamente ela sempre pareceu pra mim, (o narrador em terceira pessoa), à procura de alguém. Antes de prosseguir com a história, vamos analisar a cabeçinha cheia de engrenagens.

*****

JULIA DOS SANTOS

Cor favorita: Azul escuro (mas já fora vermelho bordô)

Queria viajar mas não pode. Falta dinheiro, ou não consegue se programar. As vezes acredita que não quer viajar, mas sei bem que quer. Quem saiba viaje para ver novas paisagens, para ter novas cores para fotografar.

Teve dois relacionamentos na vida:
O primeiro na infância, nada de sério. O menino foi pra outra cidade e tudo acabou. Ninguém chorou. Só sentiram saudade. (As vezes ela se pergunta onde ele está, ou se ele se lembra dela).
O segundo começou, não se lembram como. Foi numa festa. Ela não era de ir muito em festas, mas sua melhor amiga do antigo emprego, insistiu que fosse. Insistiu tanto que acabou indo. Ela acredita que se divertiu, mas na verdade ficou a maior parte do tempo só observando a festa, só ouvindo as pessoas conversarem. Passou a maior parte do tempo só, como sempre foi (e como ela sempre acreditou ser). Ele avistou ela sozinha, presa fácil. Dali conversaram um pouco, que foi se estendendo. Trocaram números, combinaram de se ver de novo, um cinema, um jantar. Assim se passou os dias e com eles semanas, quinzenas, meses, e chegamos à semanas atrás quando ele a pénabundeou, dizendo que precisava viver, queria ser livre, eram jovens. O problema é que ele tinha escorregado para dentro de um buraco chamado Crise, e, acreditou que fosse culpa dela (não vou defender ela, porque talvez até fosse). Virou as costas, fechou a porta, foi embora. Nunca mais voltou. As vezes ela ainda vê ele em alguma atualização do facebook. Ou em alguma foto quando ela fica observando as fotos como neste exato momento. Pegou a garrafa de vodka e despejou no copo de café.

Acorda com o telefone celular tocando. Ikê atende, é a mamãe. Ela pergunta como ele está, "aqui tá tudo bem". Ela pergunta se está precisando de algo, "não mãe, tá tranquilo". Ela fala sobre as maluquices do pai velho, das notas altas da irmã mais nova. Ela diz que está com saudade. Desliga. Ele levanta, liga a TV e o video-game. Sangue jorra e escorre. Virtualmente, claro.

Já é segunda-feira. Ikê liga pra casa de Afonso perguntando porque ele não foi trabalhar. Ah cara, não enche, prosseguiu, acho que vou largar o emprego, sei lá. Desliga o telefone. Afonso se vira na cama e volta dormir. Naquele mesmo dia, ele ainda acordaria pra comer ovos mexidos com sardinha enlatada, o macarrão tinha acabado fazia dois dias. Ele come na frente do computador, e vê uma mensagem de Ikê.

¿Qq tá rolando?
Ah, uma falta de vontade
¿Pq?
Tô pensando em visitar minha mãe uns dias
Aff, Agerente Gelina não vai gostar disso
Q se foda a Angelina!
Pod cre, vai lá véi!
Vlw!
¿Ô quando vc volta?
Sooner or later, maybe never

Paula vive uma vida avessa, de trabalhos curtos ou temporários, de onde costuma roubar objetos, não necessariamente para vende-los, mas se possível conseguir uns trocados a mais. Se estabilizou quando  começou a trabalhar num barzinho da região central, eles precisam de um rostinho bonito e encantador, que principalmente faça uma pose de pin-up. As pin-ups fazem novamente sucesso nessa nova década. Não gosta muita da cidade, acha fria e os habitantes acomodados demais. A verdade: o custo de vida é barato aqui. Se mudou com o namorado pra cidade mas infelizmente eles terminaram, a vida de "casado", não é exatamente das mais fáceis e se acredita estava dependente demais. Ela mesmo se viu fragilizada, e mulher forte como é, decidiu que bastava!
Passou uma época atravessando noites, pó barato, cerveja quente, sexo ruim, qualquer coisa que pudesse mantê-la fora de casa, mas não durou. Amanhã fará dois anos que ela saiu de casa. Mora, no momento, num terreno, onde nos fundos existem várias kitnets, por sinal, ela está neste exato momento fazendo panquecas e irá se queimar com a frigideira. — Caaralho!
Não avisei? A maioria dos acidentes domésticos acontecem na cozinha. Ela termina as panquecas de frango (adora frango), senta-se de frente a TV. O noticiário sensacionalista alerta a queda do preço dos alimentos da cesta básica, de como é seguro viajar de avião (apesar de semana passada ter caído um e morrido todos os passageiros), o melhor modo de fazer as barbas, dicas para entrevista de emprego, previsão de chuva e céu nublado para a semana, acidentes de carro, menores infratores, traficantes, assassinatos, mortes. Desliga a TV. Incomodada pelo apresentador que vive a berrar a torto e a direito, com aquela cara de eterna ressaca. Lava os pratos, tendo em mente o sistema prático, iniciando pelos copos, seguindo dos talheres, pratos e panelas. Se arruma, coloca a mochila nas costas, saí de casa pedalando na bicicleta sem-marcha. Não sei bem porque estou falando dela, ou com vocês.

Julia, sentada numa praça, oprimida pelas ruas e prédios imensos, onde vivem familias de alta renda em suas vidas, com seus carros e mentiras. Ela espera. Espera que toda a sua ansiedade passe, sem que ela tenha que gastar todo o dinheiro da passagem em cigarros. Seu coração acelerado, descontrolado e fora de ritmo. Um médico não pode entender o motivo de acreditar estar enfartando por apenas alguns pensamentinhos-de-nada. Nem eu posso.

Ikê sai do trabalho, se deparando com Afonso à sua espera, fumando um cigarro impaciente.
— Não ia embora?
— Não enche.
Os dois saíram andando. Os assuntos foram se puxando para outros, até que:
— Saca isso — Ikê tira a câmera da mochila, abre o visor. — gravei esses dias, olha só que gatinha. — Mostrando a filmagem à Afonso.

CORTE DE CENA BRUSCO COMO UM SOCO

Mas antes Julia avista os dois rapazes, em certa euforia. Vê que um deles tem entre os dedos, a solução de seus problemas, mas resiste em se levantar do banco e pedir. Prefere sacar a câmera e tirar uma foto em preto e branco. O click faz seu coração desacelerar. E o querer do cigarro já nem existe mais.

A casa de Ikê está relativamente arrumada, apesar das meias estarem em cima da cadeira, os pijamas em cima da cama e a louça formar uma torre de babel na transbordante pia. Os dois estão de frente à tela, assistindo videos de acidentes na Rússia, panacas em quedas estúpidas, idiotas que esborracham ao empinarem motocicletas caras e etc. Afonso com sede e cansado de tanto vídeos, resolve ir até a cozinha pegar um copo d'água. Ikê compreendendo o tédio, abre o tumblr de seu "amor" e percebe uma nova foto.
— Cara, tu deveria lavar a louça de casa, tem gordura criando vida em cima da caneca.
— Olha só essa foto — ignorando o bom conselho de amigo, e redigindo a atenção dele. — somos nós? Não?
— Somos? —  se entreolham, um interrogação desenhada surge entre a cabeça dos dois.

Como era decididamente o ultimo dia de Afonso resolveram gastar, torrar tudo no bar. Nem no pior, nem no melhor. Nem no mais barato e nem no mais caro. Aquele que vai a galera "descolada", num bairro fedido, abandonado pelo governo. Apesar disso sempre tem uma viatura da policia, que convenhamos nunca vi fazer nada. Os medíocres encheram a cara, e Afonso se interessa por Paula, que era atendente do bar. O lugar amigável aos olhos, com posters colados na parede. Paula na hora sacou que ele tinha grana, não que ela fosse interesseira, mas era uma oportunidade de curtir pós-trampo. E depois que o bar fechou eles ainda foram encher os canecos, compraram uma vodka no posto e se teletransportaram nús para a cama, com uma bela ressaca tridestilada.
Ikê voltou um pouco antes dos dois começarem a se pegar, tinha que trabalhar. Deu para o amigo um abraço, uma nota da onça e o filme do Spinal Tap. Os dois se abraçaram forte. Sabiam que seriam amigos de qualquer forma.

Antes de ir para rodoviária, adivinhem só, ele encontrou os sapatos, que brilhavam ausência e totalidade. Retirou os seus tênis surrados, calçou o sapatos e se foi. Assim deveria terminar a história? Assim eu deveria terminar a história, mas como não sou bom com finais.

Na rodoviária só. Acende um cigarro, esperando as lentas horas cinzentas.
—  Moço, cê tem um cigas pra me dar?
— Tenho sim. — solicito como era, entregou-o.
— Obrigado, e tem. — já levantou o isqueiro, acendendo o cigarro dela.
— Vai viajar à negócios? — o vício de assistir filmes, não fez de Afonso o rapaz mais criativo.
— Na verdade não. — meio tímida, ela olhou para suas sapatilhas e pra aqueles sapatos.
— Eu vou visitar minha mãe por um tempo. — ele olhou o relógio, faltavam poucos minutos.
— Acho que te vi hoje de manhã, cê tava saindo da... —  Nesse momento Ikê ridiculamente suado, destrambelhado, aparece. Os dois param de se olhar pra observar a cena: Henrique deplorável, sua bicicleta, ao fundo, toda torta e com o pneu furado.
— Precisava-dar-tchau-fiadaputa! — ele engole a própria garganta seca, continua — Pra ter certeza que tu vai voltar! — abraçou seu amigo, sincero abraço, que teria durado a eternidade se não fosse:
— Cara, eu preciso ir. Eu preciso ir. — se desvencilhou do abraço, se apertaram as mãos, olharem-se no fundo dos olhos. Um traço de sorriso, saindo pela tangente, confirmava que não seria a ultima vez que se viriam. Pegou as malas e foi em direção ao portão.

Ai ficou, Julia e Ikê, um do lado do outro. Foi assim que finalmente se conheceram. Ela sem dinheiro pra viagem e ele sem bicicleta.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Quando as luzes apagarem

Eu vou cortar o passeio público em dois
Vou libertar o canto das aves
Vou desenhar o mapa de fuga dos Crocodilos
as Tartarugas vão estar vigiando a Santos de Andrade
Encantarei os Ratos do Guadalupe com uma coxinha de queijo

A minha loucura irá percorrer a cidade inteira
                                                       até encontrar a tua

Goma Elástica

Ela é mesmo uma piranha
me mastigou feito chiclé
depois me cuspiu fora

Mas ontem veio a safada
me desgrudar do asfalto
pra me botar atrás da orelha