com as mãos
(e depois com o martelo culinário)
canta somente
(e depois com um cutelo)
para teu coração
corta a carne
com os dentes serrotes
lembra da raiva primeira
felicidade nostálgica-infante
de rubor e de gritos
o calor da carne macia
só o trabalho purifica! pensa
agora esposa
à quem gosta de bater
(e ela de apanhar)
enquanto canta
esquece isso
deixe de ser romântico
ela já está morta
continua gostando de apanhar
mas não de qualquer um, é claro.
gosta de cantar e de trabalhar
quando sua raiva lhe sai pele afora
se bem que isso é só o que o faz
em seu balsamo de ferro
tem no fundo crânio,
de frente aos olhos
marcado a imagem da própria cegueira
mas mesmo assim fala com o cadáver
dentro do saco de lixo, esquartejado
mas com a perna ou o braço no lugar
vestindo uma peruca loira
o ser lhe questiona:
pra que tanto amar algo vivo, não é?
se quando amamos já não é se mais aquilo que estamos amando
por isso eu te amo mais morta do que viva
você ama a carne e o sangue, meu bem
sangue e carne nossas
a lamina é tua melhor amiga
ela dividi-te de mim
ela me dividi
em
PE-
DA-
CI-
NHOS
:)