quinta-feira, 24 de abril de 2014

Investigação Cabalistica

Escondi a fratura com band aids e bugigangas
soldei os parafusos aos fios de cobre que faltavam
cortei metade do acerto (sabia que o era errado)
apostei no que não se diz: no destino (meio acerto, quem diria)
bussolas mentem e os mapas transgridem as linhas
da tua aldeia fala o mundo dígitos epidérmicos edificam arvores
há neve embaixo do bigode e insinuações escondidas em numerologia
a cigana banguela é cega e mesmo assim ri e enxerga com os dentes
onde está a polícia anarquista para livrar o partido dos abusados?

por hoje nada
prosseguir amanhã.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Lar


minha cabeça
          tem uma janela
quebr     da
na sala uma
lâmpada oscilante
qu ei mou


segunda-feira, 7 de abril de 2014

O Açougueiro

com as mãos
(e depois com o martelo culinário)
canta somente
(e depois com um cutelo)
para teu coração

corta a carne
com os dentes serrotes
lembra da raiva primeira
felicidade nostálgica-infante
de rubor e de gritos
o calor da carne macia

só o trabalho purifica! pensa

agora esposa
à quem gosta de bater
(e ela de apanhar)
enquanto canta

esquece isso
deixe de ser romântico
ela já está morta

continua gostando de apanhar
mas não de qualquer um, é claro.

gosta de cantar e de trabalhar
quando sua raiva lhe sai pele afora
se bem que isso é só o que o faz
em seu balsamo de ferro

tem no fundo crânio,
de frente aos olhos
marcado a imagem da própria cegueira

mas mesmo assim fala com o cadáver
dentro do saco de lixo, esquartejado
mas com a perna ou o braço no lugar
vestindo uma peruca loira

o ser lhe questiona:
pra que tanto amar algo vivo, não é?
se quando amamos já não é se mais aquilo que estamos amando

por isso eu te amo mais morta do que viva

você ama a carne e o sangue, meu bem

sangue e carne nossas

a lamina é tua melhor amiga
ela dividi-te de mim
ela me dividi
em PE-DA-CI-NHOS

:)