segunda-feira, 7 de abril de 2014

O Açougueiro

com as mãos
(e depois com o martelo culinário)
canta somente
(e depois com um cutelo)
para teu coração

corta a carne
com os dentes serrotes
lembra da raiva primeira
felicidade nostálgica-infante
de rubor e de gritos
o calor da carne macia

só o trabalho purifica! pensa

agora esposa
à quem gosta de bater
(e ela de apanhar)
enquanto canta

esquece isso
deixe de ser romântico
ela já está morta

continua gostando de apanhar
mas não de qualquer um, é claro.

gosta de cantar e de trabalhar
quando sua raiva lhe sai pele afora
se bem que isso é só o que o faz
em seu balsamo de ferro

tem no fundo crânio,
de frente aos olhos
marcado a imagem da própria cegueira

mas mesmo assim fala com o cadáver
dentro do saco de lixo, esquartejado
mas com a perna ou o braço no lugar
vestindo uma peruca loira

o ser lhe questiona:
pra que tanto amar algo vivo, não é?
se quando amamos já não é se mais aquilo que estamos amando

por isso eu te amo mais morta do que viva

você ama a carne e o sangue, meu bem

sangue e carne nossas

a lamina é tua melhor amiga
ela dividi-te de mim
ela me dividi
em PE-DA-CI-NHOS

:)

Um comentário:

Anônimo disse...

Di notte
mentre dormo
o tento di dormire
con le mie mani calde
io tocco le lenzuola
e vorrei una presenza
che mi colmasse il cuore.
Invece è solo buio
e ho paura del giorno
e invece è solo sera
e tremo del mattino.

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