sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

tudo que perdi - ungaretti

tudo que perdi na infância
e nunca será novamente
esquecido num grito

da infância soterro
ao fundo da noite
ora espada invisível
me separa de tudo

de me lembrar rindo o amor
e perdi tudo
no infinito da noite

o desespero só aumenta
a vida não me é mais
presa ao fundo da garganta
uma brita de grito

descrever

excremento
são pérolas
as vezes
não o suficiente

solucionar ser racional

que tudo fique bem
   lama e ramelas

destinada as pétalas

garrafa inteira de goles
grande poder
                       deixar ir

permanecendo por completo

esqheleto cabelo e
                    unhas crescendo

olhai como brincando as crianças
                                      são sérias
tão longe disso
cada dia mais longe de si

Junkie

dois dias de viagem não apartam
raízes firmes na vida do seu mundo cotidiano
interesses, cuidados e projetos
um fiacre o levava à estação
lugar de origem, revela forças
hora novas metamorfoses intimas
certo sentido mais intensas ainda
desligando indivíduos da suas relações
transformar num só golpe, um pedante
o tempo é como o rio Lethes
semelhante seu efeito
um homem especialmente
de tudo que ele costumava chamar deveres
mais do que esse jovem imaginava
o espaço que girando e fugindo
tal qual tempo, o espaço gera olvido
forças que geralmente se julgam privilégios do tempo
pondo-o num estado livre, primitivo
um burguesote numa espécie de vagabundo
mas também o ar da paragem longínquas
menos radical, não deixa de ser mais rápido

canto para pijamas

lambuza zonza língua
pela tua barriga
sal limão tequila e saliva
pinga mel da sua vulva
a valsa avulsa avessa
sangra minha cabeça
panico em sua boca
agora outra lambida
interminável sangria
na lamina sem garganta
caverna em que ecoa
as aves em derrota
toda glório de um amém

catorze

madonna lolita lollipop chainsaw massacre
seus intestinos funcionam like clockwork Bathory dentro
os minuteros de Garcia Lorca não sustentam sorriso gatuno
questão: se eu morrer no meu quarto como um rato na ratoeira
serão os vizinhos os primeiros a sentir o cheiro ou o gato comerá minha face?
o sangue que banha a Vamp. não é exatamente o  axioma numa cruz de malta
não perdura mas perfura todo o maquinário dos órgãos contudo boca não fala
tua boca a principio sombra soletra espectro ou espectador em extertor
a consciência rala não pára a consciência exala out of the beat kinda
como uma cirurgiã  das minhas entranhas do sonho de ser enfermeiro
passando a geleia de meu cérebro na torrada enquanto as imagens se em quadriculavam

neon numa miami de sonhos onde está o cassino na pista azul meu destino em dominó
para apostar pela ultima vez minha ficha suja da sorte ante a minha fuga fútil de mi vida
o braço forte da haste do relógio desenha a geometria elementar no aerogrifos de aerosol
os planetas não se alinham como uma jogatina de bola de gude mas dessa vez a vera
borra-botas não aposta mude ou surte antes que seja hora ósculo crescupular argenteo
a terrível mulher fatal dos lábios de metal
com as larvas toda a função da palavra se perde a martelada do prego
carrego na arcada ancestralidade que morde os lábios de raiva
doce doze doses ou treze reze preze até o azar nos dados seis outra vez

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

foda com dois éfês - Aesop Rock (version)

buritto bumpa as pampas com notório parrudo
sinhá ecoa pelo vale "corta esse cabelo menudo!"
o faroeste dengo-dengo está fresco como a morte entretem
respira barrado com clássico glissado saco de pelanca
alastrando o moicano purple a sem rebobinar a fita
solitária flor em pergelissolo
arranca a si e aprende germinar em calça leg
falta de imaginação de cor circulando a lenha, acha
whada hell é real a face biondetta androide de serviço e salva-vidas
xiiii cagaste no pau do purista a babas do diabo num arrasa quarteirão
vinte quatro pruma profeta ou caftina estacionada
os republicanos perfeitos em trinta clicks fora do bar dos haoli
médico de cínicos e desertores
se não quem te indique não encontra job e toma logo o jab
parece que estou escondido na mata quando não
o fantasma de base camus e tao tão no grampo
talvez milicos nos verão
FODA com dois é ff




a terra é plana porque meu mundo é um vaso

comigo-ninguém-pode
sonhava ser melancia
rasteira e rameira fez do
meu jardim envenenado

zenylis

estudar sem existir
ódio sem ódio
mistério-betsu-think
ação continua


fora do gancho

a felicidade do peixe
que o pescador não pode
avistar preso na rede

abstrato 7

forje palavra
e ela se oblitera
mas o s-om.e
                 

ultravioleta

despetalando olhares
asas de glicose
o feixe de luz transpassa
as ranhuras das veias

sem alcool

não ouço mais
do que minha embriagues
liberto e só nem sombra
somente duvida

necessidade de engano

agradeço o acaso por vir a ser o engano
ao engano por ser minha necessidade
que a felicidade aumente por rejeita-la
vivo por lampejos fortes de esquecimento
tanta porção ignorada escondida que não dou a minima
nunca poderei amar como da primeira
vez ou outra esquecerei de tudo para lembrar
que não poderei
importar flores para a proxima batalha
as feridas esperam pelo dedo para que retire as cascas
aos que querem discos de roque só uma faixa tocada
antes de ir a qualquer lugar há de se despedir
hoje eu quero desaparecer numa noite de ontem do ano passado
no dia eu esqueci da palavra alvejar e estudei a cerca de esclarecer
é mais do que chuva que cai no parapeito
é mais que raio mais que raio o que me atinge o peito aberto
mais que um pesadelo agora que estou sóbrio
mãos nos bolsos
nada se foi
pensar em suspeitas ter razão com o medo
porem já adianto o supapo ao tempo 
que não estas nada seguro o melhor é dar uma volta
sem futuro golpeia a cabeça com punho fechado
olhos para baixo quanto mais baixo mais entendo
respira cava cova com olhos enterra
no recorte de fotografia o mundo
salve lodo

metaformosantígona

medeia-acorde
gaveta-morte
corte-catartico

ela vestia seu quimonos
e as manchas eram
seus filhos ainda nascer

tenho previsões
que não espero
nem acertar
mas ser o desejo
de todos

sua filha agora
está sob cuidados

forão noves