sexta-feira, 21 de novembro de 2014

verme e parasita

difícil iniciar você sabe
longas conversas não servem a ninguém
se somente nós estamos certos
absolutos em discordâncias na na na

você odeia o aporrinhador das frases
somos caricaturas de nós de merda

eu odeio parques de diversão
nossas piadas não tem graça
 nem para os bêbados
você diz que iremos renascer
 quando mortos
sofremos desta lenta
             sem feição

não há espaço para nós
nem futuro para ninguém
já não eramos muito

o ultimo verão
nenhum será o mesmo
nunca nos dissolvemos ao mar
queimamos em memórias cinzas
que varemos para debaixo do tapete
nossos braços se estendem pelo assoalho
a casa está aos pedaços
sempre assim como foi

letras para aquelas mesmas canções
estamos renascendo mortos
tocamos nossas mãos pela ultima vez
lhe peço um cigarro na esperança
que continue o mesmo "não fumo"

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

aquele que salvará

quando ou onde
não lembram
encurralados presos
paredes cilíndricas
corredores circulares
espirais de guerra sem ódio
tubulações nos levam
                               sentidos
lugares quase idênticos
idílica prisão distópica
lamentável história
paraplégica
ponto de referencia
param
segu'em frente
transitação
sobem escadas
               e descem
(a ordem sempre em fila)
continua desiste
poderá continuar
se desistir primeiro
vai impedir quem
perdeu a entrada
mão de via dupla
não voltarão
empilham-se os ossos dos mais novos
projeções fossos grutas
nunca mais (voltarão)
esquecemos quem somos
nunca nada disso quisto
morrem esfomeados em alcateias
crianças brincam com moscas
doce carne humana
crescem larvas e esperança
histórias
esqueceu destes todos
correm pelos dentes o som
se espalha como peste
voltará

Fada Negra

crianças nascem molotovs
flores incendiárias de lótus
saborosa destruição-desejo
MANCHETES EM GÁS LACRIMOGÊNEO
coletivo genocídio (sem capacidade máxima)
fogo nascituro queima invisível
gritos abismais olhares boca
corpos em abuso castrados

marcham bonecos de Olinda
com armas de brinquedo
e cavalos-de-pau
justiça puta cega
transmissora de doenças sexuais
   IMPERDÍVEIS
o código azul que não sabemos

brilha brilha estrelinha
queima e castiga pupilas
verte suor e lágrimas
salgada força de trabalho
troca virtual de consumo
espelho de vaidades
comerciais de perfume
veneno domesticável
parcelas homeopáticas

crianças nascem molotovs
racham atemporal vértebra colunar
museus monumentos enfeites de natal
migalhas e cinzas
flores incendiárias de lótus
dançam à errada voltagem
queimam e murcham
murcham e queimam

derrama suave drink: um brinde!
o apocalipse dorme nas pálpebras
borboleta do cálice caos

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Verruga Genital

É brega os sonetos que
entoam aquele tal d amor
até então não mencionado
que rimas procuram em dor

aquele embaraçoso anestésico 
que nos espeta o kitsch coração
importado chinês

que vem em cartas de saudade
de naús abarrotadas de garrafas e canções
doenças incuráveis