terça-feira, 24 de abril de 2018

caminho

hipnotiza oceano pés cercados de areia
o fogo alto da fogueira
enquanto trilhávamos com a boca seca
algo próximo à fronteira

encanto sussurado ao vento
as labaredas inflamavam e espocavam
nós tínhamos alvo aos olhos
e permanecíamos imóvel ao tempo

quando deitávamos a ampulheta
freiam e fremiam os corcéis de sonhos
de seus escarsos recursos imaginários
disso o maquinário nos permite

ter a ruiva certeza
dum pedaço que nos cobre o tornozelo
cinzas que revolvemos
até encontrar o precioso cerne

protegendo nos o couro
com escrições rúnicas e atávicas
que nossos ancestres esqueceram
a resposta ou mesmo a porta

que nos abre perante ao dúbio
para que teste o fragmento
que dos nossos olhos quebra
com o mais leve distúrbio

tormenta dos mares
igual para cada um que parte
sua língua logo arde
atravessa aos ecos de covarde

mas já é tarde
onde o arco íris rompe seu passo
traça com compasso
e dos teus lábios volta a palavra

quinta-feira, 5 de abril de 2018

antes da chuva

fim da tarde-erupção
abre meus olhos nyx
para nunca repousar

garotos desatentos
                               entre os dedos cigarros
também em trabalhadores cansados
        o mesmo cigarro se fuma
mulheres carregam sua compras perfumadas
estudantes e seus gênios ingênuos

há em tudo um resquício
borboletas marcham para outro lado
guardado espectro das cinzas
conflito e choque em profusão

transito no contorno desenhando
uma linha de faróis vermelhos
com o corpo sinuoso e difuso

talvez o encontro das pessoas seja mesmo destinado
enquanto as bicicletas se tumultuam pelo transito em quase acidentes
transe das pessoas nunca cessa antes da chuva

trabalho
entrevistas
conversa jogada fora
bolhas de sabão

 as vezes
chove para todo mundo

siga em frente

não brinque
com segredos
falho ao lembrar
mesmo que não saiba
de algumas várias
verdades e mentiras
mesmo que não saiba
não faça
aos esquecidos
sonâmbulos que repousam
o mesmo se dá
opiniões emolduram paredes
escondendo
escondendo
tenho visto o mesmo
mas não diga

rateando

o roedor me encara
no fundo da casa
e me simpatizo
esse amiguinho
tão incomodo
que tantas vezes
vem me visitar
merecia algo melhor
do que as migalhas
que ele me arranca
mas verdade é essa
vivo eu também de tralhas
assim roeremos