quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pense [Quadrado]

[pensamento quadra]
[do pensamento erra]
[do pensamento qua]
[drado pensamento .]
pens
eforad
oquad
rado

domingo, 25 de setembro de 2011

terceiro verso

Da madruga sem vento,
Três versos e o silêncio;
                                        



                           Ainda ouço o teu alento.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Onde Está o Amor?

O Amor pode está ao seu lado, isso parece sem nexo mas é a mais pura verdade, eu sei disso pois eu vejo o amor ao meu lado todo dia, todo dia ele também vai embora, eu naturalmente deixo ele escapar mas não é bem porque eu quero que ele vá embora, não, longe disso, é simplesmente... meu jeito de não intervir, meu jeito apático a vida, darei um exemplo melhor a vocês...
Ontem mesmo eu vi o Amor de perto, eu estava no ponto de ônibus, assim como ela estava, nossos olhares se entrelaçaram e afundamos em alguma fenda temporal, aquele olhar perfurava segundos, minutos, dias, estações, vidas... Era aquele olhar conhecido de uma antiga vida, o olhar de um amor perdido entre as cordas da realidade, olhar que queria me prender para sempre naquele pequeno instante, fiquei tímido de dizer algo além do que nossos olhos já haviam dito. O ônibus chegou lotado, eu preferi — como de costume — pegar o próximo, mas ela parecia já estar atrasada para o cotidiano, atrasada a realidade, e, novamente o Amor foi embora. No próximo ônibus — que não demorou muito — entrei sozinho, com a esperança de que talvez ela também estivesse no próximo terminal me esperando, uma esperança boba, infantil. 
No terminal do ônibus, procurei onde ela devia estar, esquecendo talvez de procurar nos lugares onde ela não devesse estar. Desiludido eu parei de procurar. Peguei o próximo ônibus, esperei calmamente sentado no banco do ônibus, queria que ele partisse imediatamente e levasse de volta — para a minha realidade —, foi ai que sentou alguém do meu lado, que o olhar pouco me intrigara e assim como também não me aprisionara, porém sua voz porém me enfeitiçara como um flauta doce. O nome dela? Denise. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

As Desventuras de um Palhaço Sem Graça

Estava de olho frente ao espelho: sem explicação: nariz vermelho, espuma de cerveja ao redor dos beiços, calça números acima com rasgo entre as pernas e o joelho, camiseta manchada, casaco de poeira artificial — arrastando mangas pelo chão, sapatos impares; peças em combos perfeitos, nem pareciam ser de tal maestria validas. Não se recordando como tinha roupas aquelas, não recordando de quase nada, era como se eu já tivesse nascido assim, desse jeito. 
Saí do banheiro, descobrindo um bar — isso explicava a espuma ao redor da boca, calça larga, tropêgo em pernas de pau e beijar o nariz no chão — isso explicava, entendeu danado: ninguém me ajuda a cair, ninguém perguntou como eu estava me sentindo, todos apenas riam, — eu queria sair daquele lugar. Levantei-me e corri de maneira desajeitada até a saída.
Fora do bar, eu tive a vontade de matar todos dentro daquele estabelecimento, na verdade queria matar todos os humanos da terra, foi então que me apareceu uma mulher loura e alta, que me perguntou para saber como eu estava, respondi que estava melhor, mas tenho certeza que não passei confiança, de qualquer forma ela continuou a falar comigo. Ela era uma bela moçoila de olhos verdes, braços hercúleos, sobrancelhas esculpidas por Míron, e a sua peculiar maçã-de-adão desenvolvida no pescoço — era o que lhe dava aquele charme especial —.
— Sabe, antes de você vir aqui falar comigo, eu estava realmente descrente da bondade humana, mas você me trouxe um raio de esperança... entende o que eu digo? — A mocinha não respondeu nada, estava com as bochechas rosadas, mas logo se desinibiu.
— Pelo jeito você não se lembra de mim, né? — Eu balancei fazendo um gesto negativo, eu realmente não lembrava dela.
— Você não deve lembrar de nada então
— Lembrar de que?
— Que você é um palhaço, trabalhava no circo... — Fiquei emputecido, mas ela continuou falando — não lembra que o circo pegou fogo, por causa... Você não se lembra de nada?
— Desculpe, mas não lembro de nadica de nada. 
Ela começou a me contar a história, contou que Samael, o atirador de facas e dono do circo Fênix, apaixonou-se pela sua assistente de palco, todos do circo sabiam, demorou tempo até a sua esposa  (Carmen, a trapezista cigana) descobrisse, após a descoberta ela se tornou uma mulher má, passava o dia e a noite arquitetando o seu diabólico plano. Numa noite de quarta-feira ela hipnotizou Carlito, o engolidor de fogo, usando as técnicas que tinha aprendido na infância cigana e, o fez atirar fogo no quarto de Samael enquanto o próprio dormia, mas o que ela não esperava era que o fogo se espalha-se pela lona altamente inflamável do circo, foi uma confusão total, o mágico não conseguiu botar todos os animais dentro da sua cartola, deixando alguns poucos morrerem carbonizados. Depois que os bombeiros finalmente chegaram e apagaram o fogo, nós não tínhamos mais onde morar ou trabalhar, Samael estava morto, Carmen havia fugido, deixando o seu filho de nove anos, — Daniel, um prodígio das artes mágicas — aos cuidados dos palhaços, que não tiveram culpa alguma quando o conselho tutelar levaram a menino para o ofarnato. Logo, todos nós tentamos viver nossas vidas como pessoas comuns, mas você sabe como é... Uma vez do circo sempre do circo, eu nunca deixei de ser um palhaço tristonho e, Adélia — a mulher que me contou a história — apesar de não parecer, nunca deixou de ser a mulher barbada.