sexta-feira, 23 de novembro de 2012


Oblio
 para Anisé
     A palavra de origem incerta, transita por épocas com significados que divergem, ao mesmo tempo que convergem à provável raiz da palavra; oblivius, do latim; esquecimento, que ao mesmo tempo, é raíz da palavra Obliterar. A palavra também aparece em relatos españois no século XVII. A influência árabe, deixou suas marcas no português (e no español), que é percebida em palavras como; almirante, açúcar, álcool e entre outras. E justamente em relatos, datados de 711, época em que ocorreu o deslocamento militar de tropas islâmicas, sob comando de Tárique, a palavra surge e, logo; some do léxico árabe. No português surge a primeira vez numa carta de Vasco da Gama para o rei Dom Manuel I, avisando que o caminho que tinha descoberto não deveria cair nas garras do esquecimento. Após isso, o escrivão Pedro Vaz de Caminha, também utiliza da palavra numa de suas tantas cartas marítimas, relatando sobre; o provável desvio de rota, devido à perda de memória do navegador Pedro Álvares Cabral, desmentindo os livros de história. Em lendas da extinta tribo Urucu, há relatos de um Deus que tem como principal função a de regular o mundo, tanto dos mortos; quanto dos vivos, a partir; do desgaste, da deterioração, do fim, e claro; do esquecimento. O que remete à uma tradicional lenda japonesa; da época feudal, sobre um garoto que após ser atingindo por um raio, recorda com detalhes, todos os dias da sua vida, juntamente com o que aconteceu em cada segundo, o que se torna um problema de loucura e solidão, pois aparentemente agoniza eternamente em suas lembranças. No alfabeto hebraico, das vinte e duas letras que existem, dizem que existiu uma vigésima terceira; a letra perdida, que só será redescoberta no final dos tempos, e não se sabe o som dessa letra; tanto pode ser uma risada infantil, como um grito desesperado ou simplesmente o silêncio absoluto. Os que se julgam sapientes desconfiam (afirmam?) ser o H, e que nunca o mundo irá acabar. Impressionante o número de obras que se destinam à esse assunto, sem nunca, jamais explicar o real significado da palavra. É como se a palavra nunca houvesse existido. Quando pequeno me deparei com a palavra a primeira vez, em um dicionário Ladino, juntamente com o menorah, kiddush, etrog, o kipá do vovô, entre tantos outros objetos empoeirados e no sótão. Hoje a palavra me voltou a cabeça, depois de ter olvidado o conto que eu iria escrever. De qualquer forma, aqui vai uma definição breve da palavra:
          oblio
    1. peste desenvolvida a partir dos primórdios da existência da consciência e da tentativa de classificação linear.
    2. aquilo que se destina à regular o caos.
    3. o esquecimento que está fadado tudo e todos. 
    4. conjunto de nós que conecta o ponto, onde se está todos os pontos. 
    5. solução atemporal para se viver sem preocupações futuras.
    6. inexplicável gatilho para a felicidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

você tem uma quedinha pelo castellano não é?

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