terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A primeira letra

verde como devastada mata atlântica quando
seta no peito cravando no sentidos olhos desatinados
arfar menina cabelos de fôlego fogo
oxigênio como ninguém consumia e não haveria como melhor
correr pelo cenário realista que o diretor havia arranjado na cidade

sorrindo como se despertasse d cantando ao riocorrente riverrun
assim era como era comprando passagens e aproveitando a viagem
se enfiando em toda porta pela fechadura atravessada dos olhos ao pé
caindo de paraquedas na sala doce furacão de desastre encantador

incontáveis vezes que a vi foram breves sendo sempre a mesma diferença
fazia de toda nuvem cadeira e pendurava no quarto junto as constelações

há dias que não sonha vive remotas nostalgias
q sejam uma raíz forte nesse cru sentimentalismo

soprando cataventos que nada aprisionam é assim ela:
escreveu meio cartaz e para que eu completasse "não é 1 sonho

tatuar com a ponta dos dedos sobre pele os sagrados arabescos
rococó: confundir misturar plantas monstros ou animais ao vórtex pupilas me entregar tomando um chá casual construir coroas de ouropel vilarejos de areia e destruir tudo e todo emaranhado selvático dos fios de mercúrio medusóide deixado no ralo preso num glitch gifs de pixels corrompidos while(sec!=end) programação uma letra contendo todas as outras não é segredo lhe presentear com meus órgãos pedindo desculpa não é o suficiente ganhar cafuné da tua mão biônica me embocanhando engatilhado dourado amor fati

(mas nada disso me agrada)
fugiremos num tapete voador das torres de energia e postes
deixando um bilhete de vingança à balburdia e a guerra da cidade
colheremos o ópio nosso de todo dia fumando com tigres que riem e outros senhores
fornecerei a ti as propriedades adjetivas do chuchu apogeu cafona
em 2055 seremos revisitados pelo alzheimer das fraldas geriátricas dos colegas de trabalho
nos farão as mesmas perguntas nos mostrarão as mesmas fotos
será assim para sempre até nunca

espelhos quebrados que nos fantasiam de eróticos corvos never(mind/any)more voaremos alto com asas de cera o suicídio do segundo andar você soltará a minha mão teremos para sempre um palheiro para dividir até que a vida nos separ
será assim para sempre até nunca

todo ano os quase nobres elementos presenteiam as crianças de Chernobyl
morrem mulheres em abortos afluentes de fetos tragados pela boca de lobo
pederastas elogiam como ninguém e os garotos sabem à quem aceitar o doce
a história não muda cínica como conhecidos que não nos cumprimentam
ouvimos tantas valsas nos esquecendo desta
ouvimos tantas vezes

     foram felizes;
 }

(inspirado por armilavda de murilo mendes, autoerotização imagem feminina)

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