terça-feira, 3 de janeiro de 2017

chibata alligator blues

sol após sol blues gaita o pé marca o pessimismo compasso por com-passo reclama nada inovador meu amor não vale 1 chevrolet cordas enferrujadas num pântano no mississipi ou no canavial um breu por onde passa este terreno instável da ignorância anterior as navegações do cadáver a esconder ou para descobrir as chagas sorrindo como diabo jacaré canta o que levou o que perdeu sol após sol deixe-me ser a vingança o negro que corre para o vermelho cor ligeira que não sai pela água que não se lava nas raízes dos cabelos as plantas do pé as linhas do destino africadeus minha dissecação fricção dos meus lábios fio de navalha lábios ferida aberta estalidos da língua a saliva rala blues coxas e coaxos vagalumes coxas coaxos e vagalumes a língua como estilingue noite uma garrafa escuridão vazia noite estrelas salpicam o breu o coaxar a saia rodada o beijo roubado de nem um tostão sol após sol o meu senhor me deixou nada inovador fui abandonado ou abandonei ninguém parece notar quando se está down and out melhor assim do que ser um milionário eu tenho minha razão para não temer nada não ter nada não ser nada por entre as barras dias em branco branco de giz de giz na parede sol após sol contando quadrado os dias azul na péssima tradução azul novamente azul a cor da embriagues de quem canta os males espanta garganta canta alma como champanhe e vinho cordas entorpecidas para se enforcar ou para sustentar este acorde a servidão meu senhor é algo brabo pra burro não é meu lugar não é meu lugar fui abandonado ou abandonei o cadáver abre os olhos na escuridão das pupilas o púlpito a salvação é lama profundo lamaçal senhor as pulgas beliscam casebre quase vagar de um fantasma uma voz no pântano as estrelas espera espera espera ele esperou mentiou a si mesmo espera sol após sol que armas ele tinha além dos próprios punhos cantava os jacarés pela justiça em sangue trabalhava feito pobre diabo em sangue condenado sol após sol ao salgado ganho suor o cegava seu irmão mutilado não descansava pra onde vai o desespero quando sol após sol o glissando da faca afiando desafinando sobre o violão a rouquidão da faca da voz da alma em brasa embaraçada na garrafa nem um tostão é melhor do que ser um milionário porque se perder tudo quando já não se tem nada o amor não vale um refrão rima alguma salva a canção o que ele me deixou um cadáver numa prisão a noite os olhos o blues a sede sol após sol quieto murmurou a melodia de que sabia não havia mulher diabo só o próprio rabo como carne sem carne agora ele precisava agora o sangue negro na carcaça anos a vingança a sede a vontade de foder com tudo como um jacaré animalesco marcava o pé o péssimo compasso em seu desejo de atravessar a solidão vingar um irmão sol após sol amargava o rancor a refeição arquitetou sua vingança ninguém nunca mais soube do pobre diabo que riscou a giz apagou como sol após sol quando choveu a vida para cuspir no tumulo de seu opressor como herança a mentira dos trovadores a mitologia de que fora um rei banhado em ódio silêncio no pântano silêncio no crânio espanto e horror esperava ele mesmo cuspir no tumulo do seu opressor sendo nomeado como requintado uísque feito de cordão e fiapos consumido e engarrafado pelo mundo todo não deixando sede a um preço razoável até para os mais humildes

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