terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Nonno

Enquanto sepultavam você, eu estava a sua direita te observando. A sua expressão era serena e gélida, o teu sorriso foi substituído por um rosto pálido e sério, bastante diferente daquele homem de pele rosada, e de barba alva, com aquele sorriso que só o senhor era digno de dar. Um sorriso sofrido, que só os vencedores e sonhadores podem dar nas piores e melhores ocasiões. Levei minha cabeça as divagações sobre o senhor nonno, e não pude parar um segundo se quer de pensar, desliguei-me daquela oratória tão artificial que pouco falava do senhor, e conversei comigo, pensei melhor, que eu deveria ter escrito uma oratória e estar ali te homenageando de verdade, mas eu estava assustado demais para dizer três palavras sem soluçar, e foi naquele momento que meus pensamentos não pararam mais... E o melhor que eu tinha a fazer era escrever sobre.
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Um grande sonhador com certeza ele era, não houve homem mais bondoso por estas terras que ele, mais justo, mesmo que muitas vezes seu modo rude (e até simples) de ser causasse uma má impressão, porem toda essa "falta de modos" só servia para proteger a si e seus queridos de outros, mesmo que nem sempre funcionasse pois este era pai e também filho, e como todo o filho que se torna pai, ele tinha a sua fraqueza no coração. Mas isso de longe não era a sua "real" fraqueza, e sim uma das melhores qualidades deste bondoso senhor que apenas procurava um lugar para chamar de seu. Talvez por esse motivo que ele saiu da sua terra natal, no mediterrâneo, e veio parar por estas terras, em busca da própria vida, em busca de algo maior, e sempre foi assim, essa força de vontade de querer ser alguém e não somente existir (como muitos fazem), todas essas idéias, motivos e loucuras fizeram dele não apenas o meu avô, mas também o meu herói.
Este homem com toda a certeza do mundo tem motivos de sobra para fazerem meus olhos se encherem de prantos, e muito mais motivos para eu e minhas duas irmãs encherem o seu túmulo com o nosso amor. A morte com certeza não é o fim.


Caponera, Giuseppe.

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