domingo, 16 de outubro de 2011

Descoberta e Análise de Fernades Correia

Foi em uma uma casa abandonada, com aspecto tristonho e choroso que eu resolvi entrar. Entrar sem ser convidado, entendem? As luzes da casa não funcionavam, provavelmente haviam roubado os fios de cobre, e a unica luz que entrava dentro da casa era a do sol que atravessava os vidros das janelas quebradas.
— Atchim! 
A poeira estava em todo lugar, não havia um único móvel sem aquelas malditas partículas de origens desconhecidas que flutuam pelo ar desta casa abandonada, e, por ironia do destino acabam por entrar nas minhas vias aéreas causando uma reação alérgica.
— Atchim, atchim, atchim! 
Três espirros seguidos, não é um bom sinal, ou será que é? Pouco importa. Vasculhei pela casa objetos que pudessem ter algum valor, ou até mesmo nenhum valor mas pelo menos uma utilidade. Procurar, procurar e nada de achar algo de útil. Somente em um outro cômodo, pra ser exato um escritório com uma montoeira de cadernos, arquivos, cartas e folhas espalhado por todos os quatro pontos cardeais. Infelizmente o sol estava se pondo, e a minha alergia... — Atchim! — Fui obrigado a sair daquele local.
Era evidente que eu não conseguiria ler tudo aquilo no dia seguinte, mas continuei indo para ler toda aquela extensa obra, que demorou um pouco mais de dois meses para ser completamente lida, havia anotações, críticas, poemas e ensaios — quase todos inacabados, incompletos — que agora guardo na estante de casa. Enquanto eu não terminava de ler todo aquele material, a minha curiosidade a cada dia aumentava, eu tinha uma ansia, que era quase um desespero, em descobrir se o autor tinha alguma obra publicada, pesquisei mas meus esforços para conhecer um pouco sobre a história do autor ou a sua obra foram nulos. Haviam perguntas que me martelavam a cabeça, a única resposta talvez fosse a poeira daquela pobre casa tristonha, — que ainda hoje visito.
— Atchim, atchim!
As obras de Fernandes Correia são extremamente sublimes, brincam com o imaginário, com o real e o surreal, uma mistura de influências que vão do realismo fantástico, simbolismo francês e de um regionalismo sutil. Não entendo os motivos desse autor nunca ter feito sucesso, gosto de imaginar que um dia sua esposa ou filha teve algum problema de saúde, o que impediu de dedicar seu tempo para a literatura, ou talvez ele tenha sido um grande preguiçoso, ou um inconstante que não conseguia prosseguir com suas idéias por fim de nunca as concluído, — somente uma pequena parcela de seus escritos parecem ter um fim. Por causa deste anonimato que o autor possui, me senti no dever (e porque não no direito?) de publicar um conto de um dos seus inacabados livros, que se chama: O Livro Negro, com o conto O Convidado de Satã.

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