quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A Família Börghesa

Em algum lugar remoto dos Países Baixos existe uma colossal e fabulosa mansão, com um gigantesco jardim de arbustos simétricamente cortados, com uma fonte exatamente no centro com uma pitoresca escultura de um orangotango expelindo água pelas ventas, entre outros tipos de absurdos que somente os bem afortunados podem ter. Na frente da casa pode-se ver um enorme vitral, que é o da Catedral de Lincoln, que o Sr. Borgerlige Börghesa II comprou e, através destes pedaços de vidros coloridos, se encontra a sala da família Börghesa, de móveis grandes feitos de mogno, vasos da dinastia Ming, quadros de valor inestimável, entre outros objetos luxuosos, pomposos e exóticos.
Na sala está o Sr. Borgerlige Börghesa VIII que anda de um lado para o outro, fazendo seu cabelo loiro (que é tão verdadeiro quanto a sua humildade) balançar. Ele estava pensando no seu próximo pequeno empreendimento; "Uma gigantesca estátua minha no jardim, melhor, uma enorme estátua minha na cidade, darei de presente ao prefeito, melhor..."
O mordomo chinês abre a porta, e carregando a Sra. Börghesa nas costas corre, corre, correndo... por mais de um minuto correu até finalmente chegar ao outro lado da sala onde se encontrava o Sr. Börghesa, ainda compenetrado pensando sobre a sua estatueta. A Sra. Börghesa, pulou das costas do mordomo, ela que até então estava com um rosto comum, moldou suas expressões para uma face chorosa. Chorou.
— Hwang! mande a Sra. Börghesa falar logo o que quer, tenho muito o que fazer esta tarde...
Hwang, na verdade se chamava Chong e, Chong não compreendia uma palavra que Borgelige dizia, pois havia acabado de chegar em um container junto com outros oitenta e oito mordomos que o Sr. Börghesa comprou de souvenir da China.
A Sra. Börghesa, se acalmou-se e tentou recomeçar. Não conseguiu, voltou a chorar. O mordomo recebeu uma — carinhosa — barrigada do Sr. Börghesa, barriga de tanta miudeza que escondia o cinto de couro que tinha comprado na Índia, Chong caiu no chão e se retirou correndo da sala, sem entender cousa alguma.
— Porque você bateu em Hwang? Ele é um bom rapaz... — A Sra. Börghesa respondeu somente para defender o mordomo que era seu... O rosto dela já havia voltado para expressões normais.
— Ele não obedeceu minha ordem, e ainda fui mui generoso em não ter matado-o e transformado-o em ração para os cavalos — Inflou-se por ser alguém generoso — Me responda logo, o que você quer?
— É que ontem a noite... — soluçou ameaçando um choro, mas não chorou — Eu olhei uma estrela no céu, a maior estrela do céu, era tão linda e branca... Agora EU QUERO ela só pra mim, QUERO ela, QUERO um colar com ela!!
— Mulher, fique calada! Eu já lhe falei que a lua é propriedade dos ingleses! — Sra. Börghesa resmungou algumas palavras, mas o Sr. Börghesa estava (novamente) tão compenetrado em seus pensamentos sobre a quantidade de coisas que ele queria ter mas que eram dos ingleses. Malditos ingleses! Eles tem tudo que é do bom e do melhor.
Foi assim que o Sr. Börghesa arquitetou um plano para ser Rei da Inglaterra.

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