segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Diagnóstico ao Leitor

Caro amigo leitor, eu, eu que sou observador, tenho tempo em demasiado excesso pra reparar na vida dos outros (porém pouco interesse de observar a minha); por esse motivo, descobri alguns problemas do teu silêncio, da tua falta de Dor e de Volúpia, que são gêmeas siamesas. Essas duas é o que te fazem ter essa tua vida desanimada e desgostosa, por este motivo não és tu quem escreves e sim quem lê o que escrevo, mas afinal de contas, como não ler o que acabo por escrever?
Serei breve, segue aqui os teus problemas, que lhe causam outros problemas maiores de força e fator inexplicável a sua pessoa, como o fato de ler este diagnóstico:

Na tua coleção de relógios, que guardas no sótão de casa, em que todos eles fazem cucô e os pêndulos deslizam no ar vagarosamente - o que não é nada de anormal -, não existe um único que possua um ponteiro, o que para mim é um caso gravíssimo.
Nas tuas constelações não há estrelas, simplesmente esquecesse de pintá-las, ou de contratar um pintor, o que não é demasiadamente caro. Caso queira posso lhe passar o endereço de vários ótimos pintores que fariam o trabalho com prazer e maestria.
Mas o teu maior problema, coisa que me preocupa, é que não queres teus sonhos, tu os recusa, com a justificativa de não lembrar deles quando acorda.

O meu diagnóstico é que tomes chá de hoterlã com gengibre todas as tardes. Se possível (mas não é necessário) coloque um cravo. Recomendo que faça isso as dezessete horas, horário em que o sol se encontra em uma inclinação perfeita para que vejas desenhando no teu gramado o ponteiro das horas.
Aproveite também tal ângulo para extrair do sol alguns feixes, lembre-se de guardá-los em um pote de vidro, jamais em uma caixa de papel ou de madeira. Use os feixes para que tu possas pintar no teu céu alguns pontinhos luminosos para chamares de constelação.
Sobre o teu desprezo em sonhar, não se preocupe tanto pois, eu sei (pela faculdade de saber que sei porque eu sei mesmo), que ainda há de existir um sonho que tu realmente queira, pra te mostrar que tudo não acaba num ponto. Mas sempre em reticências...

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