Numa cadeira de praia à beira-mar, — estou eu —, tirando minhas férias da vida, e, por favor, não faça questão de me incomodar. Já não quero ter noticias suas, na verdade, não quero saber como você está, me preocupar com coisas. Com você. Já não é mais do meu feitio, na verdade, é o meu descanso pra deixar de ser quem eu sempre fui; uma pessoa se importava com você. Se importava.
O mar de Nayra, é realmente muito belo, com esses pássaros que mergulham com seus bicos achatados no oceano tão amarelado, as ondas são perfeitamente feitas por nuvens que espirram uma delicada brisa com seus pequeninos narizes de poloneses. Narizes que me lembram... Não importa quem também.
Me amoreno na praia. O sol brilha, eu sibilo como um garfo caindo ao chão. Uma bela melodia, diria o garçom e os Mariachis se eles pudessem ouvir ou falar. O que pode estar errado? O Mar fofoca com o Vento sobre a próxima estação que vem com muita chuva, tempo frio e indiferença cinza, enquanto a areia beija meus pés ternamente. Ah, que adorável férias, Que beleza é a vida!
Se você pudesse, caro leitor, queria que você ligasse o rádio de casa e ouvisse este ritmo caribenho de uma melodia latina e prestasse atenção à percussão feita de pele de jacaré, que faz um som único. Queria também pedir que você colocasse um chapéu de palha e um óculos escuro, passasse um pouco de bronzeador ou protetor de pele.
Após seguir essas instruções você estará pronto para: imaginar um arco-íris monocromático sendo puxado por golfinhos alados de um verde esmeralda doce e salgado. Entendo você perfeitamente, caro leitor, que isto é um absurdo de se imaginar, e saiba bem, que, não mas me importo também. Estou me referindo ao absurdo, é claro.
Agora que nada realmente pode me desassossegar, posso dizer finalmente que não me encontro em nenhuma praia deserta ou tirando férias. Na verdade, tudo que eu faço aqui é me enganar, mas sei bem que para você, caro leitor, já não importa mais também.
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