terça-feira, 19 de junho de 2012

Instruções detalhadas para o levantar da cama (durante a manhã)

"Nunca deixe pro amanhã, o que jamais pode ser feito."

 Fernades Correia.


Após uma bela noitada em baixo de cobertores, lençois ou edredons, claro, com a cabeça confortávelmente bem apoiada sobre o travesseiro, o seu relógio-despertador (mecânico ou biológico) lhe informa o momento de despertar para as ocupações rotineiras da vida cotidiana, mas naturalmente encontramos dificuldades ao acordar graças inércia (que segundo consta na Enciclopédia Ulysses de 94, só passou a existir nesse mundo em torno de 1687, graças a mente diabólica de um-alguém) e o peso do corpo multiplicado pela gravidade do nosso planeta (o mesmo alguém que criou a inércia definiu este impecílio, que falta do que teorizar!), ainda por cima (e felizmente aconchegados na horizontal) temos que lutar contra as forças da sonolência aguda e prolongada do recém despertar.
O primeiro passo é fundamental; abrir os olhos. É importante que foque a sua cabeça em algo interessante e importante, e que principalmente não faça parte do mundo dos sonhos, caso contrário você voltará a dormir e todos os seus esforços serão em vão. Amarre a cabeça em coisas pesadas como pedras, elefantes, ancoras, para que ela não saia voando até chegar as nuvéns, e num bocejo você volte a dormir. Sinta o peso das pestanas e da poeira deixada pelo João-Pestana, sinta mas não deixe que eles o derrotem. Passe as costas das mãos sobre os olhos malandros, repita o gesto apresentado na figura nº 9 (vide contra-capa, página número 33½) até que finalmente seus olhos compreendam. Acorde!
Após acordado, ainda um pouco atordoado com a batalha recém travada, você deve seguir para o próximo passo: tirar as cobertas quentes de cima do corpo molenga e passar a dividir o calor com o resto do universo. Não seja egoísta, vamos-lá, divida! Muito cuidado nessa parte para não sentir um frio muito-que-de-repente e cair na tentação de voltar para de baixo das cobertas quentinhas do seu egoísmo. Recomendo que acredite que lá fora do seu quarto, ou caixa de sapato esteja fazendo um belo dia ensolarado de primavera (sendo assim desnecessário cultuar o frio lá fora ou se agasalhar como um esquimó).
Agora é um momento crucial e aparentemente simples onde é necessário tirar o pé para fora da cama e aterrissar seus pés vestidos por meias vermelhas de croche feito pela babka ou as de seda egípcia sobre as pantufas macias ou sobre o frigido chão. Caso você tenha chegado até aqui e ainda não tenha estendido o corpo na vertical e enfrentado as odisséias kafkianas do dia-a-dia... Aproveite a sua manhã do melhor jeito possível e volte irresistivelmente à dormir.

Um comentário:

Elissa disse...

Hoje me acordei pela manhã e lembrei deste hahaha não foi minha primeira vez!

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