sexta-feira, 19 de outubro de 2012

As Páginas que Sucederam e o Restante da Páginas 96 (Do livro que estou lendo)

     A cidade realmente tem o ritmo do jazz quando começa a chuva. É tudo jazz. Talvez fosse. Talvez fosse o segundo dia, quando eu pensei nisso. Ou o primeiro. Não sei... O que ela deve estar fazendo agora? Faraceno? Com aquele tranca... Talvez, se eu tivesse ensinado pra ela zigue-zigue... Aliviar a cabeça; é por isso que estou na rua, não pra ficar me preocupando, preciso ficar cool. Preciso ficar com o Jazz. Nuvès tanta falta que você me faz nessas eternidades que passei fora, creio que não é possìvel, pelo menos para mim, ser de hábitos selvagem, apesar de tentar sempre ir contra esse eu. Não importa também. De bicicleta andei outro dia, pela fossa noite luminublada. O vento no meu rosto, o prazer de estar vivo. Como ninguém me ensinou isso antes? Talvez não se fosse pra ensinar, talvez, não se ensine essas coisas. A vida é um mistério (um único mistério!), e o sentido tá'onde a gente quer ou não. Acho que isso é aprender a dar o sentindo, o rumo. Objetivos complexos são esses: tanto; o de ensinar, quanto; o de aprender. Como disse, estou de bicicleta e não estou fugindo de você, pois, sei que (querendo ou não) te encontro (ou te encontrarei), ou você até já me encontrou(?). Encontrei um bar: O GRITO. Sim, como aquele quadro de que tantos ouvimos falar Laurence e Melinda. O bar não tinha promoção alguma, mas era de um habitat escuro, próprio pros noctâmbulos de asas, mamíferos aéreos. Que fique claro que não somos anjos, de maneira alguma. Não foi preciso muito tempo para voltar aos velhos hábitos... — Uma sub-0!
Duas mesas redondas e umas ilhas perdidas de quadrupedes cadeiras quadradas. Havia alguns rapazes, com que tive o prazer de conversar os naturais assuntos de boteco. Nada de relevante ou igualmente desimportante. "...E cada vez é mais difícil de venceer, pra queem nasceeu pra peerdeerr... pra quem não é imporrtantee... é be~em melhor... lutaar doo que conseguiir... ficar ao invés de partiirr..." Não era rádio, até porque as rádios hoje em dia estão mortas, até porque esse de tipo música está morta, além disso Raul está morto. Quem fala dos mortos afinal? Quem ouve os mortos? Eu ouço o morto cantar. O assunto corre sobre Raul e as suas músicas. Sabe como é... Quando já havíamos parado os contos taberneiros de nosso, se não; maior, um dos maiores, trovadores nacionais, e, estávamos tocando violão, um desses feito de madeira-de-mesa de bar, que quanto mais cai cerveja, melhor fica, onde todo cantor, ou tocador; canta e toca bem, desde que igualmente tenha derramado cerveja em si. Igualmente tanto, talvez mais, do que já foi bebida pelo violão. Eu contava os compassos com as batidas do pé, mentalizando internamente um ritmo. Jazz. Jazz. Jazz. Devo alertar também que estava em naufrágio. Afundava, em ficar ao invés de... lutar... conseguir. Entrou um moço, desses arrumado, de terno preto e gravata vermelha, vocês já devem imaginar o estereótipo; óculos grossos, barba; somente na mandìbula inferior e um bigode, os pêlos eram loiros (quase ruivos?)¹ Ele, tímido, pediu:
— Uma (cerveja popularmente nacional:) Salut!
     Sorveu para dentro de si, dois copos. Quantidade, que gosto de frisar, pequena para um-alguém-eu(-ou-você), mas que fosse talvez, infinitamente grande pra ele. Tocou. Digo, Tocou. Sinceramente, para muitos ele só falava das corniações diárias, pra num não dizer brega, apesar do bregar ter seu valor. Pra mim, era só mais um pobre coitado. Eu sei, que ele tocou bem, não tirando dele o mérito, mas é que é de costume das pessoas em geral mitificarem atos e fatos absolutamente banais apenas por sub-julgarem a pessoa que está fazendo ou o lugar onde se encontra ou até mesmo a hora. Como se nada de bom pudesse acontecer entre as 09:00 e 16:00 hrs, como se no Japão, ou no Vietnam a mesma coisa não tivesse acontecido, como se isso nunca acontecesse nesses milhões de anos de vida no universo. Talvez, para tornar ele mais interessante, eu, devesse inventar...

  Ele era de poucas palavras, as expressões retas em seu olhar e os cortes fechados de seu rosto. Indicavam. Estava na cara, não podia negar! Era um pobre-diabo atormentado. Os óculos constantemente afundados para perto da cara, escorregavam em suor. Sedento pela liberdade. Pediu a mesma de sempre, era habitual. "O Ritual", como preferia dizer a si, pensava assim porque gostava de imaginar que teria que contar logo à alguém, ele mesmo me disse uma vez. Sei que vai parecer estranho, mas contar-lhes que foi exatamente assim que ocorreu os fatos, que segundo narrou o próprio, lá pelas nossas vigéssimas cervejas e os nossos diálogos que eram interrompidos constantemente com citações de Marxistas e teorias mirabolantes, pra não dizer utopistas, de meios de ser feliz, através do ensino da felicidade, ensinando que não existe outro sentindo na vida, além do livre expressar-se.
 — Te entendo muito bem, penso as mesmas coisas... É natural para o ser humano se expressar, e igualmente natural nessa sociedade sermos constantemente apertados por uma carapaça, que nos impõem e que devemos, sem refutar (ou seja: à força!), vestir. Mas, você não acredita, que as suas idéias, deviam ser postas em prática?
 — Eu lhe agaranto que estão sendo sim, com muito esforço, mas estão sendo postas em prática. — Respondeu.
 — E porque você não faz um diário, anotações... Sabe, escreva um livro explicando toda teoria...
 — Você não entende, eu quero fazer, não escrever... 
 — Não, você quer que escrevam sobre você! — Nesse momento os óculos deles embaçaram-se, eu provavelmente deveria entender esse comportamento, caso tivesse lido algum livros como: O Corpo Também Fala, Linguagem Corporal Para Corpos Mudos, ou Semelhante Coisa. Sei que estava irritado, ele tremia. A mão dele em cima da mesa se transformava em punho.
 — Você não entende... Você NÃO  E N T E N D E ! — Bateu o punho, que saltava veias, na frágil mesa de quase papelão. Todos cruzaram os olhos pra ele, não estavam atentos anteriormente e agora queriam saber o que se passava.
 — Meu chapa, pois, não fique assim, me explique então... Não sou tão cabeça oca. — Continuei com calma, não queria fazer alarde. Ele baixou a cabeça, pensava...
 — Desculpe é que... eu passei um pouco da conta. — Levantou-se e... — Eu já paguei a conta. — ...emendou a frase.
 — Você não vai me explicar?
 — Já pagou a conta?
 — Já, sempre pago antes de pegar a cerveja e se... (não tenho dinheiro deixo na conta...)
 — Tá bom, tá, t... Vou pegar carro, você está a fim de uma carona?
 — Cara, pra falar a verdade... — Nesse momento ele olhou fixamente nas minhas pupilas. Eu não sei exatamente de você leitor, mas em todo caso, explicarei a você que; de onde sou, quando se olha diretamente na menina... Você sabe, algo está errado. Mas, não concordo com essa crença, muito pelo contrário, também não concordo.
   Saímos em questão de estalos de dedos. Ele acelerou o carro, cruzando semáforos vermelhos. Sabia exatamente onde cada radar estava. Buzinava a certo e a esquerdo, confesso que me sentia mais entretido do que em montanhas-russas. Desses movimentos bruscos, ele continuava frio. Aposto que calculava para que a ventura não tivesse fim numa tangente mortífera, ou que seu carro, de baixa estabilidade, capotasse e ele tivesse que arcar com os prejuízos (= conseqüências) sozinho. Digo também que; de tão entretido com a viagem, não pude entender, bem, em qual bairro estava. Triângulos das Bermudas, é o que proclamo com descoberto. Ele parou na porta de uma casa de muros altos por onde subiam vinhas. Uma portinhola de latão pintada de marrom, para disfarçar qualidade do metal e a porta da garagem da mesma forma. Pôs a mão em baixo do banco, engatilhou. Abriu a porta e disse: 
 — Vai amarelar agora?
   Engraçado pensar, na hora não pensei em nada, não consegui responder nada, só abri a porta e sai. Ele arrombou o portão, entrou na casa silênciosamente. Cheiro de sopa e de naftalina... Analisando os quadros, retratos, mobilia, geladeira, relógio, etc. e etc., dava para se reparar que era um casal de aristocratas de primeira ordem, domadores do poder... Conservadores neo-liberalistas, como prefiro definir."² 

     O bar estava bom, mas a batida da chuva em tempo livre, quebrava qualquer compasso, desconcertava-me, não conseguia prender meu foco em outra coisa a não ser você, Nuvès. "Eu vou ter que explicar pra ela sobre o zigue-zigue. O zigue-zigue e o faracenos. A chuva. Delírios. Quem está por nós aqui? A vida não é jovem como somos nós? E nós não sorrimos porque o amor sorri igualmente para nós? E não existe cousa melhor do que andar de bicicleta, crendo que as cores fiquem para trás, juntamente com os cheiros e os sons. Estou à uma quadra da R. Mise-en-Scène.

½ Blá-blá? (Nota Sincera sobre a Secretária).

¹Devo aqui; finalmente, introduzir; minha primeira nota bem sucedida, de que; Não entendo bem de coloração de cores e pêlos, divisão silábica e interrogações? (Nota do Autor).

²Terminaria mais ou menos assim a história, ele pediu pra que alguém escrevesse e eu mudei um pouco e tal; blá-blá, blá, blá, blá... (Nota da Secretária).½


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