sábado, 13 de janeiro de 2018

prosseguir sonolento

minha identidade foi deixada
não deixada queria ser esquecida
mas como queria ser lembrada
para que nunca se fosse como se foi

outra lógica pra evitar o finalmente
aquilo que evitei com orgulho
aquilo também lutou com orgulho
de não querer curvar diante aos fatos

tudo tem nem por isso ininterrupto
vida ainda arde nas palavras
evito o termo sentimental

minha identidade foi deixada
por uma memória extraviada
numa narrativa inconsolável

lastima pela pena derramada
quem retira do real fracção
além de mim ao negar me olhar
preferia que fosse menos

para que não doesse tanto
matéria rara memória
que as vezes recorta o presente
com imagens frases e momentos

que nunca retornarão agora
só prantos e pesar com mão
acenar bem devagar

lembrar e lembrar

até se voltar ao útero da terra
sabendo que o mar é parte

desta ferida fenda cavar e cavar
então se aninhar entre larvas
e neurônios como seguir
viver de carne e osso viver

de caos e nada como uma criança
de cabeça erguida nunca derrotada
minha identidade foi deixada
nós ainda te achamos em cartas

em jogos de palavras
no soslaio do horizonte
na sombra de um pássaro

nos vincos das árvores
que escrevemos em futuro incerto
a vida é mesmo caminhada

como será? a calma ante o peito
e deixa as camadas lhe afetar
e a sombra dele te tocara rubra
como mortos à fogueira contando estórias

dando lugar a vocábulos esquecidos

eu caminho pelas tuas ruas
agora revoltadas contra mim
anotando meus próprios passos

sei que caminho e que mora em cada
casa um espírito que precisa continuar sonhando

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