sábado, 12 de abril de 2008

Pensamentos de sabado à noite.

Tava me lembrando de outro dia quando, 2 horas da tarde eu estava voltando da escola pra casa.
Ao longe eu olhei um cara vindo de bicicleta, cambaleante, com a perna toda ensanguentada. Ele se aproximava
e caia, isso aconteceu duas ou três vezes antes de ele chegar até mim. Fiquei olhando ele, primeiramente com
indiferença, logo após uma espécie de sentimento humanista subiu na cabeça, corri pra ajuda-lo.
Ele olhava pra cima, fiquei imaginando como deve ser ter uma bala dentro da minha perna... o.O
- Chama a ambulância!! - Gritei angustiado para o homem que estava regando as plantas numa casa ao nosso lado.
Ele olhou com uma cara de indiferença tão grande que eu me assustei, primeiro eu achei que ele tinha ficado paralisado com eu fiquei no primeiro momento... inocência minha.
- Rum, isso é ladrão, bem a policia correndo atrás dele - Respondeu o homem que voltou a regar suas plantas calmamente, como se nada tivesse acontecendo.
O sangue começa a brotar da perna dele com maior intensidade, me desesperei, não sabia o que fazer, o pobre homem começou a gritar por ajuda.

Eu corri até o primeiro telefone publico que eu achei e liguei para a ambulância... ninguém atendia. Meu deus, que raios é
aquilo? 4 pessoas que por ali passavam pararam ao redor do homem caído sob sua surrada bicicleta. Comentavam bobagens como se ele fosse uma espécie de estátua, uma imagem que retratasse a violência.

O rapaz baleado se levanta e tenta subir novamente na bicicleta, anda alguns metros e cai novamente. Todos nós olhamos
sem compreender nada.
- Ta fugindo desgraça? - Perguntou o rapaz com pinta de evangélico com uma rispidez que não condizia com a sua feição.
O homem não respondeu nada, pegou sua bicicleta milagrosamente subiu nela, pedalou até o final da rua e dobrou... nunca mais o vi, não sei o que aconteceu,
não adianta me perguntar.

Continuei o meu caminho. Quando caminho costumo a refletir bastante, foi o que aconteceu, e não gostei do que refleti. Percebi que vivemos numa sociedade cheia de hipocrisia, fúria irracional e descrença em qualquer relação de fraternidade. E eu não to me excluindo desse quadro não, longe disso, a primeira coisa que eu pensei era logo que ele era alguém fugindo da policia. Sim, agora, depois de pensar bastante eu
me pergunto se eu tenho o direito de negar ajuda a uma pessoa só por que eu acho que ela tá fugindo da policia, e se tiver, eu sou melhor do que ela?
Eu tenho o direito de selecionar quem quero que morra ou não?

Apesar de tudo, se uma situação dessas acontecer novamente eu realmente não sei o que vou fazer. Apesar de ter sido o único no local a tentar prestar alguma ajuda ao cidadão eu sei, e ainda hoje não entendo por que fiz corpo mole na ajuda, por que tive tanto nojo daquele rapaz, por que fui incapaz de lhe oferecer
a mão para lhe levantar, por que pensei primeiramente se era algum bandido em vez de prestar ajuda incondicionalmente.

5 comentários:

Felipe Rocha disse...

Ah pow..se fosse com seu cachorro vc teria pego um taxi e deixado ele na ANimals.. ahehaehae

Anônimo disse...

É pq ele era negro não é? ééé..pode falar! nós entendemos! não complacemos com a situação, mas entendemos!! (meu próximo comentário vai ser sério, vou estar sóbrio ;P)

Gabriel disse...

isso a dois dias atras? eo maldito post de sexta feira?

Cacau disse...

Gostei muito do seu texto, da sua reflexão... mas sabemos bem que refletir não muda o mundo, infelizmente. Começaremos por mudar a nós mesmos!

Márcio "Darin" Lopes disse...

Hiprocrisia nada... que se foda os outros...

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