sábado, 7 de maio de 2011

Estória "Escheriana"

Aqueles densos negros olhos, guardavam o infinito, o reflexo no espelho era o vórtice do abismo.
Pelo labirinto em espiral da sombria cidade, encontrava-se ele caminhando com as longas e flexíveis pernas. O barulho dos carros, das falantes pessoas, da cidade, era simplesmente a música da desordem, e no compasso de seus passos, fez-se a sinfonia do delírio.
Caminhou mais um tempo perdido nas ruas, agora ele ouvia um barulho que não se mistura com a música da cidade, e a cada passo que dava o barulho aumentava, aproximou-se do local, e todo aquele barulho que não se misturava tornou-se o dialogo de seus amigos que ele havia se perdido a pouco tempo. Pensou em algo para falar, mas o seu pensamento foi esmagado por um fluxo de pensamentos que não cessavam e ao mesmo tempo não conseguiam se completar, na confusão de pensamentos surgiu uma idéia ou uma imagem de que ele logo se esquecera.
No jogo de sombras e luzes, o espetáculo mudava de drama para comédia e vice-versa, ele se encontrava numa espécie de teatro, na qual ele nem ao menos sabia o roteiro, mas de alguma forma seguiu o script como devia ser feito, ele esperou o diretor dizer corta, mas não havia nenhum diretor. Ele saiu daquele pequeno espetáculo e voltou para seus amigos, nesse momento ele sentiu que o dentro dele alguma coisa dava socos e chutes, e de alguma forma precisava sair, pensou em talvez vomitar, pensou duas vezes (ou até mesmo mais) e não vomitou.
Foi conversar com seus amigos mas eles não sabiam o que fazer, apontaram para uma garota de cabelo vermelhos flamejantes que ele nunca havia visto antes, meio tímido conversou com ela, ou tentou conversar, mas era tudo simplesmente muito confuso, mas de alguma forma ela havia entendido, e apontou para outra menina, uma menina cândida que estava à vira a esquina.
Seguiu a menina e percebeu que a menina, era Clara, a filha da Lua. Atravessou a rua, correu um quarteirão e meio, encontrou-se perdido dentro de quadros dentro de quadros, atravessou o labirinto de paradoxos geométricos, chegou em uma praça que havia uma fonte bem no meio, onde observou todas as direções, mas não encontrou Clara, então ela surgiu de direção-nenhuma. Não houve diálogo, os dois simplesmente sentaram confortávelmente perto da fonte, e com as mãos como se estivesse fazendo um origami, a ela criou uma chave em forma de uma tribarra. Entregou a chave na mão dele, que abriu a barriga como se fosse uma fechadura, liberando um buraco negro que sorveu o próprio. Dentro de si ele tornou amorfo, sem limites e sem fim. Quando percebeu estava se observando de frente ao espelho, olhando fixamente os próprios olhos negros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário