Para sairmos do vício que é a vida moderna em si, que nos prende ao ritmo sincopado de engrenagens à combustão, ou o frenesi anfetamínico dos problemas-sem-solução que temos que dissolver. A agitação moderna nos faz dispersar, esquecer e desprezar os sentimentos únicos, únicos porque apenas eu posso sentir como eu sinto (e isso não se discute, a não ser que você seja uma parte de mim, ai, talvez poderemos entrar em um consenso democraticamente falso).
Primeiro passo; é mais difícil, pois é preciso que seja feito lentamente.
MAIS DEVAGAR IDIOTA!
MAIS DEVAG...
Não se deixa levar pelos outros,
observe o céu
cristazul-celestial,
a textura do chão granuladíssimo,
os rostos velhos de amanhã de manhã.
Aproveite.
Observe como uma máquina fotográfica.
Pense no agora,
no que está vendo,
que seja em forma de poema-ensaio,
prosa sátirica,
filosofia macarrônica.
Encha a taça-encefálica
até transbordar.
Segundo passo; deve ser dado após o termino do primeiro.
É necessário concentração.
COM SEM TRÁS nÃO
Deixe que a corrente de lhufas, carregue tudo.
Pense,
pense, pense...
e sinta cada pequeno esforço
que seu corpo faz pra movimentar o dedo
indicador do pé esquerdo.
Aqui é desnecessário ser ou estar.
Pense,
pense, pense...
e sinta cada pequeno esforço
que seu corpo faz pra movimentar o dedo
indicador do pé esquerdo.
Aqui é desnecessário ser ou estar.
Terceiro passo; aqui voltamos para o pé que iniciou o primeiro passo.
Uma visão
contemplativa
sobre a paisagem,
proporcionando à surrealidade
do que se encontra parado e do que se move.
O estático não é estático, porque o que está parado é o que está se mexendo.
Nem a própria-sombra está parada em relação ao seu projetor.
Há quem nunca pare de correr e continue parado.
Perceba que a cada passo temos uma nova cidade, uma nova sombra por trás da luz, um novo silêncio diante do barulho.
Um velho pensamento novo, que se recria em jardins caleidoscópios de ligações extra-sensoriais.
Quarto passo; não existe.
O que existe é; os desmovimentos comuns.
Se passado disto você já está apto para
pender as assas de morcego ao firmamento
prender os pés ao chão até torna-se paisagem
não desista da eternidade
do que já nasceu roto.
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