terça-feira, 1 de novembro de 2016

estudo erótico

I
contemplando a fauna azul e dourada
flores por onde dedos perpassa cabelos
cheiro primaveril do esforço alimenta
o chumbo dos modos delicados
ter por completo a fornalha dos teus lábios perolados
fogo imutável
queima o excesso de calma
deleite
do amargo sabor de mercúrio
revolta das vinhas maduras
destilado dilacerante
inebriado instante desejoso
banhado teus pés desfazem da areia círculos
soníferas embarcações em recifes
pende-se algas forma-se vagas
resgatando óleos cérulo marinho
recôndito da lua
mormaço

II
arde
sol pálpebras irradiando a flor tesuda
como favos de metálicas carnes
pela entrada dos dentes portões
entreabertos da morte a palavra
mordida afrodisíaca da vergonha
medida morfina e strip-tease
que esparrama pela cama
seios como o sax a surdina
cortinas de veludo
desejo a todo instante
lençóis travagem melada
pela saliva adocicada
colisões de rochedo incandescente
com a idade do terra
haverá um novo diluvio que exterminará tudo
após será vida

III
na ilha ainda não cartografada
nós retornaremos ao pó
a via láctea fecunda com um bang!

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