quinta-feira, 21 de julho de 2011

Terapia Sintética (Good Shit)

...Rua dos Tormentos, quando numa breve olhada para trás.
Será que eram eles? Indaguei-me, olhei novamente... não havia ninguém. Será que ainda estou delirando? virei a esquina à esquerda, na Rua da Emboscada, e lá estavam eles me esperando, rapidamente dei meia-volta, entrei no Beco da Agonia, e correndo pela penumbra, chamando menos atenção possível (o que parecia impossível). Pelo jeito eles já sabiam o que eu tinha feito.
— Puta merda! Quem será que me delatou? Não consegui pensar em ninguém além de Nestor, aquele pobre-diabo filho duma puta!
Enquanto corria desesperadamente, coloquei a mão no bolso do paletó... havia um frasco, abri e engoli a única cápsula que restava. Em poucos segundos, eu já estava na minha rua, a Rua do Desespero, entrei no Edifício Zerkalo (preciso dizer que este é o edifício onde moro?), corri pelo hall de entrada em direção ao elevador, apertei o botão. Naqueles segundos de espera pelo elevador, fui tomado por uma angústia, comecei a ouvir passos vindo em minha direção, não podia esperar mais, a angústia comandou meus neurônios. Fui pelas escadas.
O remédio sintético começou a fazer efeito, as linhas quadradas da escadaria e de todo o prédio começaram a afunilar, tudo parecia muito mais distante, não conseguia mais fixar meus pensamentos, só pensava em: quebrar a barba, cortar os pratos, comer café, tomar pão, beber livro, ler água, mastigar o ar. Porém, mais estranho que isso foi que algumas imagens sem sentido foram poluir minha cabeça, por exemplo: um triângulo de quatro pontas, uma imagem do Hitler fazendo um churrasco, um elefante efervescente tocando tuba, um leprechaun de sunga dançando tango com uma freira, e algo bastante intrigante: uma preguiça insone em frente ao computador escrevendo uma história.
— Droga! Eu preciso me concentrar!
— Opa! Nem percebi que estava no meu andar — me abaixei pra pegar a chave que estava embaixo do tapete.
— Ótimo esconderijo babaca!
— Saiá já da minha cabeça seu... 'Perai estou conversando comigo?
— Cê tá fazendo isso há muito tempo.
Ignorando as vozes na minha cabeça, peguei a chave, e tentei abrir a porta, mas parecia que a fechadura não queria engolir a chave. Finalmente depois de alguns ponta-pés e socos (— Que foram inúteis!!) eu consegui abrir.
— Mais tempo perdendo conversando comigo e eles me pegariam, certeza! 
— Na verdade, não estou a entender nada. Foda-se! 
Meu apartamento estava fazendo um movimento convulso, parecia querer me expelir pela janela, estava vivo. Fiz todo um trajeto oblíquo até o meu quarto (até o tapete parecia um obstáculo), tentei abrir a primeira gaveta, mas parecia pesar uns trezentos quilos. Ouvi as batidas na porta, os malditos não queriam pensar em desistir.
 — Filho da puta! Nestor, seu filho da puta! Logo a porta seria arrombada e, eles enfim me pegariam, fariam sei-lá-o-que comigo, não teria ter que imaginar, pelo menos não naquele estado.
Consegui abrir a porra da gaveta, e escondido em baixo das meias brancas furadas, estava outro frasco, ainda lacrado. Desta vez eu li a bula...

"EFEITOS COLATERAIS:
psicose,
loucura,
delírios,
perda de memória recente e
desorientação espaço/temporal."

Minha visão estava muito turva, e acabei não conseguindo ler merda nenhuma, mesmo assim abri o frasco e tomei sete duma vez só. Me teletransportei para uma das luas de Plutão, pensei estar livre mas os malditos vieram atrás de mim, foi uma longa e cansativa perseguição até que lembrei que ainda tinha cápsulas no frasco. Tomei mais dezesseis cápsulas, agora eu estava em nos anéis de Saturno, e eles permaneciam me seguindo.
— Caralho, tô começando a ficar puto!
E num ato impulsivo tomei quase o frasco inteiro, deixando uma única cápsula... Voltei para a cidade, para ser mais exato na Praça da Solidão, e ironicamente eu me encontrava só.
Parece que os malditos não conseguiram me acompanhar, cruzei a Rua do Esquecimento, eu a minha sombra (que eu não tenho certeza se era realmente minha), andei por um tempo assim, até que cheguei na Rua dos Tormentos, quando numa...

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, andei lendo os seus textos e achei maravilhosos, gostaria de conversar um pouco com você e conhece-lo melhor. aí vai o meu e-mail: morrialok@gmail.com (sim, é esta merda mesmo, rs)

Rob disse...

Dude, I totally miss you

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