quinta-feira, 27 de outubro de 2016

você, a fotografa

surgiu em pleno meio dia nublado
nada mais eu ajustava ponteiros
rabiscava verdes versos no ar
lhe disse eu acredito na paisagem litorânea
minha igreja sem paredes meu amor sob ruínas
é certo que procuro apontar o fácil
onde os dedos marcavam por inteiros ou um terço
nomes de revistas jornais velhos o poeta em sangue
para me por no lugar que não estava nunca estive tão certo
precisava reaprender a respirar esquecer meu devir máquina
sendo abraçado pela minha despedida o corpo que beija o ônibus
toda vez que proferia uma palavra ou a tentativa de uma
cunhando nomenclaturas garatujas sobre meu couro
teorias metafisicas para apanhar a solidão de surpresa
pela oxidação das nossas bocas de bronze
a chuva que cai relapsa relaxada
pincela a selvagem sincope
caligrafia vertiginosa das tuas olheiras
os lábios vorazes canhestros
todas as pombas voaram da catedral
quando os sinos rebentaram meio dia
retornei a status de terreno baldio

Nenhum comentário:

Postar um comentário